O horário nobre traz de volta o texto afiado de Aguinaldo Silva. Três Graças já chegou entregando vilã sem filtro, falcatruas, gravidez na adolescência e muita emoção. Sim, temos um novelão daqueles no horário nobre.

O primeiro capítulo já mostrou um drama familiar que se repete há três gerações: Lígia (Dira Paes), Gerluce (Sophie Charlotte) e Joélly (Alana Cabral), todas grávidas na adolescência. O poder feminino supera o abandono paterno, que está prestes a se repetir com o bebê de Joélly, pois Raul (Paulo Mendes) não tem vontade nem condições de assumir a criança. Em uma das cenas mais marcantes, Gerluce mostra a fila de mulheres esperando por atendimento, e comenta “tá vendo algum homem com elas?”. Crítica social cortante, porém sutil, sem didatismo.

Venenosa

No núcleo do mal, Grazi Massafera entrega uma vilã sem medo de ofender todas as minorias. No texto, os xingamentos ácidos que só a mente de Aguinaldo Silva sabe criar: “lesma paralítica”, “velha lesada”, entre outros. Arminda não poupa a mãe idosa, o filho ou os empregados das humilhações, e tem tudo para ser uma sucessora de Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) no horário nobre. Ela só se derrete quando está nos braços de Ferette (Murilo Benício), mostrando uma química explosiva. Murilo ainda não acertou o tom do sotaque paulistano, e talvez isso esteja atrapalhando suas sequências como o empresário inescrupuloso. 

A abertura marcante e a trilha sonora eclética são a cereja do bolo de uma trama que, em poucos capítulos, conseguiu arrebatar o público.