Entre nós
Sexo e tecnologia (parte 1): ajuda ou atrapalha?
A resposta não está em escolher, mas em compreender como ambos podem coexistir de forma equilibrada


Vivemos um momento em que a tecnologia está presente em quase todas as esferas da vida: trabalho, comunicação, lazer e, cada vez mais, na intimidade. Ao mesmo tempo, cresce o número de pessoas que relatam diminuição do desejo, dificuldade de excitação e sensação de desconexão com o próprio corpo ou com a parceria. Diante desse cenário, surge uma questão fundamental: a tecnologia está ampliando as possibilidades de prazer ou afastando as pessoas da verdadeira experiência sexual, que depende de toque, presença e vínculo emocional?
A resposta não está em escolher entre tecnologia ou contato humano, mas em compreender como ambos podem coexistir de forma equilibrada. O toque continua sendo o principal estimulador do desejo e do orgasmo. Estudos mostram que menos de 20% das mulheres atingem o orgasmo apenas com penetração, sendo a estimulação clitoriana essencial para a maioria. Isso reforça que o corpo precisa de tempo, atenção e conexão — elementos que nenhuma ferramenta tecnológica é capaz de substituir completamente.
Consciência
Entretanto, os recursos digitais podem ser aliados importantes da saúde sexual quando usados com consciência. Vibradores, por exemplo, auxiliam mulheres com dificuldade de excitação, ajudam no autoconhecimento e podem ser integrados à relação do casal. A pornografia, quando consumida de forma moderada e conjunta, pode ampliar o repertório sexual e facilitar o diálogo sobre fantasias. O problema surge quando a tecnologia ocupa o lugar da intimidade, gerando isolamento, expectativas irreais ou comparações.
Nesse contexto, o sexting — envio de mensagens, áudios ou imagens sensuais — representa uma das expressões mais comuns da sexualidade digital. Para muitos casais, ele funciona como ferramenta de desejo, aproximação e manutenção da intimidade, especialmente à distância. Quando realizado de forma consensual e segura, pode ter efeitos positivos no desejo e na qualidade da vida sexual.
No entanto, envolve riscos quando praticado sem proteção ou em relações sem confiança.
Por isso, antes de rejeitar ou idealizar o sexting, é essencial entender como integrá-lo de forma saudável e segura à vida sexual.