“Salve, hermanito”
El Topador estreia programa sobre churrasco e cultura gaúcha na RBS TV: "A língua do fogo é universal"
Comandado pelo comunicador e mestre parrillero, "Tempo Bueno" será exibido aos sábados, logo após o "Baita Sábado"


A partir deste sábado (8), logo após o Baita Sábado, na RBS TV, será possível ouvir o tradicional “salve, hermanito” de Antônio Costaguta. Mais conhecido como El Topador, ele comanda o programa Tempo Bueno. A atração marca a RBS+ Churras, plataforma de conteúdos e experiências que integra a RBS+, novo negócio com foco na conexão com comunidades.
Tempo Bueno é gravado no Rancho Tabacaray, reduto do gauchismo na zona sul de Porto Alegre, administrado pelo comunicador e mestre parrillero. Em cada episódio, Costaguta recebe convidados especiais para compartilhar histórias e sabores que traduzem o jeito de viver do Rio Grande do Sul – sempre em torno do fogo, tendo o churrasco como ponto de encontro.
— Tempo Bueno é uma janela que se abre para a cultura gastronômica pampiana do Estado — diz Costaguta. — O público pode esperar muita receita mesclada com proteína, legumes e acompanhamentos. Tudo de forma muito prática, para que as pessoas possam replicar isso em casa.
O apresentador acrescenta que o programa também visitará o interior do Estado, conhecendo pontos turísticos, histórias e causos. Também haverá o quadro Churrasco de Gabarito, em que El Topador visita telespectadores em suas casas.
— A ideia com isso é mostrar que a língua do fogo é universal, algo que vemos em todas as classes. Vamos trazer pessoas fazendo o seu assado, reunindo as suas famílias junto desse elo — acrescenta.
No episódio de estreia, o influenciador e ex-BBB Matteus será o convidado, e El Topador vai preparar um vazio com legumes. Já o anfitrião do primeiro Churrasco de Gabarito será Rafael Oliveira, de Gravataí, que construiu sua casa utilizando materiais de demolição.
Para os próximos episódios, estão confirmados nomes como Triopacito – grupo de sapateado que mistura a chula com músicas populares –, a cantora Shana Müller e a banda Papas da Língua.
O assador da turma

Aos 36 anos, Costaguta lidera projetos que unem gastronomia e cultura sob a marca-mãe El Topador. São cursos, palestras, conteúdos para suas plataformas, atrações no Rancho Tabacaray, entre outras iniciativas. Todas tendo o fogo como elo.
A paixão pelo assado vem desde a infância em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, onde cresceu em meio à tradição do campo e às reuniões familiares em torno do fogo. Aos poucos, consolidou-se como o “assador” da turma.
— Acredito que esse poder de servir e conduzir uma experiência gastronômica é um sentimento muito genuíno. Assar é uma forma de cuidar, servir e amar os outros. Me traz algo muito bonito, que gosto sempre de repassar — relata o El Topador.
Costaguta mudou-se para Porto Alegre em 2008, onde cursou Publicidade e Propaganda. Chegou a atuar na área comercial por um período, mas já percebia, desde a faculdade, uma oportunidade para levantar a bandeira do assador profissional. Era um estilo de vida.
Logo, buscou especialização. Entre outros estudos, é diplomado pela Escuela Argentina de Parrilleros, em Buenos Aires, e participou da Bodega y Restaurante Garzón MasterClass Los Siete Fuegos com Francis Mallmann.
Em 2015, lançou a plataforma El Topador. O nome do projeto, que se tornaria também sua alcunha, surgiu a partir do título que seu pai queria dar a uma casa de campo em Santana do Livramento, arrendada por ele durante toda a vida.
— Virou El Topador o nome do projeto como uma forma de homenagem. Também é uma maneira de me conectar com a minha história de vida — explica.
Costaguta começou atendendo pequenos eventos e, aos poucos, a demanda cresceu até que ele passou a ministrar cursos e atuar em diferentes frentes com o projeto. Além do talento para o assado, chama atenção pelo carisma e pela comunicação, marcada pelo uso de expressões doble chapa – utilizando palavras hispânicas, típico de moradores da fronteira – como o famoso “hermanito”.
Ao mesmo tempo, El Topador propõe uma leitura contemporânea da tradição gaúcha: pode ser rústico e moderno, valoriza o passado, mas olha para frente.
Para justificar, Costaguta cita a música Contraponto, de Cristiano Quevedo: "Essa audácia de buscar o novo / Sem pisar no rastro ou reacender as brasa".
— Entendo que há muitas coisas que não concordo, mas outras eu coloco no cesto do meu repertório — explica. — Acho que tem muita gente hoje que gostaria de estar mais próximo a sua cultura e identidade, mas se afasta por achar que, por não estar pilchado todos os dias, não pode ser gaúcho. Como diria Paixão Côrtes, meu conterrâneo de Livramento: ser gaúcho é um estado de espírito.