Entrevista
Lorrana Mousinho fala sobre a virada de sua personagem em "Três Graças": "Cláudia é uma espécie de espiã"
Nas últimas semanas, atriz ganhou mais destaque na trama e participa de vingança contra os vilões


Ela aparecia pouco, fazia seu trabalho como cuidadora noturna de dona Josefa (Arlete Salles), esperava Gerluce (Sophie Charlotte) chegar – sempre atrasada – e saía correndo para seu cursinho pré-vestibular. Cláudia mal tinha falas em cena, mas desde que foi atropelada a mando de Ferette (Murilo Benício), o público descobriu que a moça era bem mais que uma simples cuidadora. Lorrana Mousinho faz sua estreia em novelas e vem ganhando espaço em Três Graças nas últimas semanas, com a revelação de que sua personagem era, na verdade, espiã de Rogério (Eduardo Moscovis) na casa de Arminda (Grazi Massafera).
Cláudia não tem nada de estudante esforçada, era tudo teatro para que ninguém desconfiasse de suas verdadeiras intenções. Falando em teatro, é nos palcos que Lorrana tem uma vasta experiência, com várias peças no currículo. Além disso, é uma das fundadoras do Projeto Teatro Nômade, ao lado de Luísa Reis, em que oferece aulas de teatro gratuitamente para jovens estudantes de instituições públicas.
Em bate-papo, a atriz conta sobre a emoção de estrear na telinha no horário nobre e comenta a virada de sua personagem.
Você tem vasta experiência no teatro, e agora faz sua primeira novela. O que a motivou para trocar os palcos pela telinha?
Eu não troquei os palcos pela telinha, na verdade, os palcos, acredito que sempre continuarão sendo o meu meio favorito de expressão como atriz. Acho que a articulação com o audiovisual, com a possibilidade de fazer novelas, filmes, séries, são mais experiências e espaços pra eu conseguir fazer o meu trabalho. São meios de expressão totalmente diferentes, que acredito que se complementam entre si. E, como atriz, quero poder viver múltiplas experiências além do teatro, sempre quis também trabalhar com audiovisual, e agora isso se realizou. Espero poder circular, esse sempre foi o meu desejo como atriz, poder uma hora estar fazendo uma peça, outra gravando uma novela, outra fazendo as duas coisas ao mesmo tempo, fazer filmes, séries e por aí vai. Viver de atuação segue sendo meu maior desejo de vida.

Como você se preparou para viver uma cuidadora na trama?
A minha principal inspiração foram as mulheres da minha família. Observei por muitos anos a minha mãe cuidando da minha avó, em momentos mais fortes de debilidade física da minha avó, que hoje é falecida, e em momentos mais leves, do cuidado diário mesmo. Tenho primas que são cuidadoras também. Conheci outras cuidadoras ao meu redor. Meu olhar ficou mais atento para o cuidado e para as mulheres nessa função. Em relação à rotina pesada, procurei estudar e ler sobre, mas bastou olhar ao redor e pra mim mesma também que muita coisa ganhou sentido. Além de atriz, eu sou também professora de atores. Fora os zilhões de trabalhos esporádicos que tive que fazer até hoje para continuar seguindo o meu caminho. Quantas vezes, depois de um longo dia dando aulas, eu reuni forças pra entrar na sala de ensaio no final do dia, pra conseguir seguir me realizando como atriz. Paguei com o dinheiro das aulas e sigo pagando para conseguir realizar meus projetos de atuação. Então, posso dizer que tenho experiência com duplas, triplas jornadas de trabalho. Com a convivência com o cansaço, a persistência e a esperança.
Agora que ficou claro qual é o papel de sua personagem na trama principal, o que você pode adiantar sobre isso?
A Cláudia é uma espécie de espiã do ex-marido de Arminda, por isso estava trabalhando na casa. O que posso adiantar sobre ela, é que é uma mulher muito determinada. Por trás daquela aparente fragilidade, há muita força, inteligência e estratégia. Tanto que ela aguentou todo tipo de humilhação na casa da vilã e levou a “espionagem” adiante por longo tempo sem levantar a desconfiança de ninguém. Acredito que as suas principais motivações agora estejam em torno de se vingar e fazer justiça.

Como tem sido contracenar com a maravilhosa Arlete Salles? Deve ser uma aula, né?
A Arlete é uma atriz genial, poder contracenar com ela foi uma oportunidade imensa e uma inspiração constante. A gente aprende muito observando os que vieram antes, sempre.
Qual é o sentimento de estrear em uma novela de Aguinaldo Silva, no horário nobre?
Foi a melhor notícia do meu ano, e uma das maiores da minha vida. Estou na batalha há bastante tempo, comecei a atuar aos 10 anos de idade, hoje tenho 33. Apesar da minha experiência, essa é a minha primeira grande oportunidade profissional, o nosso meio de trabalho é muito complexo, difícil e com muitas variantes. Ver, finalmente, o meu trabalho ser reconhecido em forma de uma boa oportunidade profissional e, por fim, agora receber essa confirmação ainda maior pela aceitação do público à Cláudia e torcida por ela, tem sido motivo de muita alegria e potencialização interna mesmo. Uma espécie de validação como pessoa e como profissional. Estava precisando disso. Muito mesmo. Quando você passa muito tempo sabendo da sua competência, mas sempre batendo cabeça, com as portas aparentemente sempre fechadas, é muito desestimulante e triste. Tem sido uma tomada de fôlego e vitalidade enormes. Só quem é artista e vive esses altos e baixos, sabe.