Entrevista
Luiza Rosa fala sobre sucesso de Kellen em "Três Graças": "Eu não esperava essa repercussão toda"
Jovem atriz interpreta uma das personagens mais queridas da novela


Na novela das nove, Kellen é praticamente a quarta graça, afinal, não sai da casa das protagonistas, seja lendo a Bíblia e fazendo companhia para Lígia (Dira Paes), ou aconselhando – sem muito sucesso – a amiga Joélly (Alana Cabral). A filha do pastor orbita tranquilamente entre as confusões da Chacrinha e cultos na igreja evangélica de seu pai. Graças ao carisma de Luiza Rosa, a jovem crente é sucesso entre o público, movimenta as redes sociais e é uma das personagens mais queridas de Três Graças. Em bate-papo, a atriz comenta a repercussão em torno de Kellen, conta como se preparou para o papel e destaca o cuidado da produção da novela em retratar um núcleo evangélico que foge dos estereótipos.
Como surgiu a oportunidade de estar na novela das nove?
Quando a gente faz cadastro na Globo, fica tudo nosso armazenado lá. Eu fiz umas oficinas também, duas oficinas voltadas para o humor, uma online e uma presencial, onde a gente vai durante quatro semanas lá nos estúdios Globo. Meus dados estavam todos lá, com todas as coisas que eu já fiz lá dentro também (participou de Guerreiros do Sol e Sob Pressão). E aí, o produtor de elenco, Guilherme Gobbi, apresentou esse meu material para a direção e eles aprovaram. Acharam que eu tinha uma energia parecida com a personagem.
Kellen é sucesso nas redes sociais desde suas primeiras cenas. Você esperava por essa repercussão toda?
Eu não esperava essa repercussão toda nas mídias não. A Kellen, como eu gosto de dizer, foi uma personagem que foi feita para dar certo. Ela foi escrita com muito carinho, todo mundo ama muito essa personagem, desde os autores, as pessoas amam escrever para Kellen, os diretores também gostam muito. Eu amo a Kellen demais, então a gente fez ela ser a personagem perfeita. Mas eu não esperava essa repercussão toda. Estou muito feliz com isso tudo, porque é um outro público que a gente ganha também, né?
Qual é sua relação com a fé?
Eu sou bem religiosa, há nove anos eu sou da umbanda, eu tenho meus caminhos religiosos lá dentro, tenho minhas obrigações como filha de santo, mas para além da religião, eu sou uma pessoa muito de fé, assim, no meu dia a dia. Eu rezo muito, o tempo todo. Agradeço, estou sempre me comunicando com os meus guias, com Deus, com o Universo. À noite também eu agradeço, peço pelos meus. Sou uma pessoa muito conectada com a minha fé.
Antes de interpretar uma jovem evangélica, você fez algum tipo de laboratório? Como foi sua preparação?
No início, eu tinha uma preocupação muito grande de como eu faria essa personagem cristã, visto que ela está fora do meu alcance pessoal. Não é uma realidade que eu vivo. Mas, depois, eu percebi que era melhor eu me preocupar com a construção da personagem em si, com a história dela, com a personalidade dela, e depois ir adicionando essas coisas. Eu acho que a Kellen é uma figura evangélica, mas ela é muito mais do que isso. Quando eu fui adicionando a religião na minha pesquisa, eu assisti a muitas referências, algumas séries, filmes. Fui catando ali filhas de pastor em filmes, em programas que eu assistia. Assisti às palestras que a própria Globo disponibilizou. A gente tem um consultor também, que é pastor, ele está ali com a gente no set, no dia a dia, explicando algumas coisas, esclarecendo outras. Fizemos reuniões também. E até hoje, leio um pouco a Bíblia aqui, assisto a uma referência ali, pergunto uma coisa pro pastor, pergunto pros meus amigos que são cristãos. A gente vai indo assim, bebendo um pouquinho de cada fonte.
Acima de tudo, Kellen é uma amiga fiel, que ajuda sem julgar os erros de Joélly. Você também é assim com seus amigos?
Sou assim um pouco, mas eu ajudo primeiro e julgo depois. Na verdade, eu sou aquela amiga que joga um balde de água fria no amigo quando ele precisa, dou um puxãozinho de orelha, eu tenho essa coisa até um pouco materna de cuidar dos meus amigos. Então, eu ajudo, eu tô ali para o que ele precisar, mas depois eu venho com a lição: “Vamos mudar isso e fazer de outra forma”. E a Kellen é um pouquinho assim, mas ela consegue respirar, dar um passinho para trás e seguir na ajuda ali, na parceria, lado a lado, sem tomar nenhuma decisão pela amiga. Eu não, eu já sento para conversar, pra gente tentar chegar a uma conclusão juntos, se eu estiver vendo que tem alguma coisa que tá errado.

Personagens evangélicos de Três Graças e Dona de Mim tentam mostrar a religião para além dos estereótipos. Para você, qual é a importância desse tipo de abordagem?
É importantíssimo mostrar além do estereótipo, para que as pessoas que estejam assistindo em casa se identifiquem, olhem para a televisão e vejam seus parceiros da igreja, sua comunidade, ou se vejam ali. Quanto mais a gente foge do estereótipo, que é uma construção exagerada e unificada de um grupo de pessoas, mais a gente se aproxima do público. Então, fugindo do estereótipo, nós estamos representando várias pessoas ao mesmo tempo. Isso é muito interessante.
Além de ser “cúmplice” de Joélly, o público torce para que sua personagem ganhe novos contornos, quem sabe até um par romântico. O que você espera para o futuro de Kellen?
Eu espero tudo de mais positivo para Kellen, acho que é uma personagem que pode ir para muitos caminhos. Ela é meio um personagem curinga, vamos dizer assim, ela pode ir para qualquer lugar ali na trama. Acho que o amor romântico seria muito interessante, talvez um casal atrapalhado, engraçadinho, ou uma coisa fofa, ou ela se mostrar uma nova pessoa, totalmente diferente, dentro de um relacionamento, seria muito interessante. É um caminho legal.
