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Quando o brinquedo não fica embaixo da árvore

Os dispositivos sexuais têm sido cada vez mais estudados como ferramentas que podem favorecer o autoconhecimento

26/12/2025 - 20h42min


Charles Schneider Borges
Charles Schneider Borges
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Reprodução/Reprodução

Natal é tempo de presentes, de brinquedos, de encontros. E talvez seja também um bom momento para falar sobre um tipo de “brinquedo” que ainda provoca risos constrangidos ou silêncio, mas que, do ponto de vista da saúde, merece ser tratado com naturalidade e informação: os dispositivos sexuais, popularmente conhecidos como brinquedos sexuais.

Durante muito tempo, eles foram vistos apenas como acessórios de entretenimento ou como substitutos da vida sexual a dois. A ciência, no entanto, já mostrou que essa visão é simplista. Esses dispositivos têm sido cada vez mais estudados como ferramentas que podem favorecer o prazer, o autoconhecimento e até o cuidado com a saúde sexual. 

Também há evidências de que esses dispositivos podem ser aliados em situações em que a vida sexual se torna difícil ou dolorosa. Pessoas que sentem dor durante a relação, desconforto persistente, tensão involuntária da musculatura vaginal, ou que passaram por períodos de afastamento da atividade sexual, como após o parto, durante o climatério ou após tratamentos médicos, podem se beneficiar de recursos que permitam retomar o contato com o prazer de forma gradual, segura e sem pressão.

Desinformação

Outro ponto que costuma gerar insegurança é o impacto disso na relação. Muitos parceiros, ao saber do uso de um dispositivo sexual, sentem ciúme, medo de serem substituídos ou a sensação de não serem “suficientes”. Esses sentimentos não são sinal de fraqueza: são, na maioria das vezes, fruto de desinformação. Dispositivos sexuais não competem com pessoas. Eles não ocupam o lugar do afeto, do vínculo, da troca de olhares ou do toque humano. São ferramentas, não rivais.

Talvez, neste final de ano, além dos brinquedos que ficam sob a árvore, valha espaço para refletir sobre aqueles que ainda ficam escondidos em gavetas, envoltos em vergonha ou silêncio. Com menos tabu, mais ciência e mais diálogo, o prazer deixa de ser um tema proibido e passa a ocupar o lugar que merece: o de um componente legítimo da saúde.


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