Eles têm de carreira mais do que a maioria de seus colegas têm de idade. E estão aí, na ativa, abrilhantando as novelas com suas muitas décadas de experiência. São do tempo das novelas ao vivo e da TV preto e branco, e já trabalharam em emissoras extintas há um bom tempo. Que sorte a nossa termos na telinha algumas lendas vivas da teledramaturgia, que a cada cena, dão uma verdadeira aula.

Tony Tornado - 95 anos

Exemplo de vitalidade, Antônio Viana Gomes, ou simplesmente, Tony Tornado, garantiu em entrevista recente que o segredo para chegar tão bem aos 95 é feijoada e torresmo. Da vitória no Festival Internacional da Canção em 1970, com a canção BR-3, passando pelo ativismo ao lado do movimento dos Panteras Negras nos Estados Unidos e pelo enfrentamento ao racismo por namorar uma mulher branca (foi casado com Arlete Salles entre 1970 e 1977), o ator e cantor tem uma longa estrada e muita história pra contar. No ar em Êta Mundo Melhor como Lúcio, ele ainda tem fôlego para viajar o Brasil fazendo shows ao lado do filho Lincoln.

Arlete Salles - 87 anos

Pernambucana de Paudalho, ela iniciou sua carreira artística como radialista, em meados da década de 1950. Em 1968, Arlete estreou na TV Globo na novela Sangue e Areia, e de lá para cá, marcou presença com papéis marcantes na emissora. Quem não se lembra da arretada Carmosina, em Tieta (1989), ou da vilã Augusta Eugênia, de Porto dos Milagres (2001)? Na vida pessoal, foi casada com o humorista Lúcio Mauro (1927-2019), com quem teve dois filhos, além do já citado relacionamento com Tony Tornado. Arlete vem afirmando que deseja encerrar suas participações em novelas, mas o convite de Aguinaldo Silva foi irrecusável. E que sorte do público, que pode vê-la em sua melhor forma como Josefa, em Três Graças, que de “velha maluca”, já provou que não tem nada.

Ary Fontoura - 92 anos

Ator, poeta, escritor, diretor teatral e, mais recentemente, influenciador digital, Ary impressiona pela vitalidade. No ar como Quinzinho em Êta Mundo Melhor!, ele revisita o personagem de Êta Mundo Bom!, e nem parece que 10 anos separam as duas novelas, já que o fôlego invejável diante das câmeras permanece o mesmo. Seu primeiro trabalho foi ainda em Curitiba, sua cidade natal, onde gravou uma participação na série O Vigilante Rodoviário, em 1962. Depois disso, colecionou tipos bem diferentes na TV: de coronel implacável, como Arthur da Tapitanga, em Tieta a deputado corrupto, como Pitágoras, em A Indomada (1997). Já foi até lobisomem em Saramandaia (1976). No isolamento da pandemia de covid-19, Ary se reinventou através das redes sociais, com dancinhas, memes e uma alegria que deixa qualquer gurizinho com inveja.

Suely Franco - 86 anos

Uma das gratas surpresas da teledramaturgia este ano vem sendo a atuação de Suely em Dona de Mim. É claro que todos nós já conhecíamos o tamanho do talento da veterana, mas nem por isso deixamos de nos emocionar a cada cena dela na pele de Rosa, que sofre de Alzheimer. A melhor cena da atriz na trama das nove, como diz o meme, é sempre a próxima. Carioca da gema, Suely estreou como garota-propaganda na TV Tupi, no final dos anos 1950, e logo integrou o elenco dos teleteatros da emissora. Também se consagrou nos palcos, com mais de 70 peças no currículo, sendo dirigida até por Bibi Ferreira (1922-2017). Nas novelas da Globo, brilhou em tramas como O Cravo e a Rosa (2000) e A Favorita (2008), e também interpretou Dona Benta em duas temporadas do Sítio do Pica-Pau Amarelo.