Retratos da Fama
Não tem para mais ninguém! O Rio Grande do Sul é uma fábrica de misses
No sábado passado, o país conheceu a beleza de Gabriela Markus, 24 anos. A gaúcha sagrou-se Miss Brasil, trazendo o 12º título para o Rio Grande do Sul
No sábado passado, o país conheceu a beleza de Gabriela Markus, 24 anos. A gaúcha sagrou-se Miss Brasil, trazendo o 12º título para o Rio Grande do Sul desde o surgimento do concurso, em 1954.
Mas o que faz com que o Estado seja o campeão disparado? Nesta reportagem, tentamos desvendar as causas que fazem do Rio Grande do Sul uma verdadeira fábrica de misses. Conversamos com vencedoras e com missólogos para responder a esta pergunta.
O MUNDO TODO VAI OUVIR FALAR
A mais nova gaúcha a ostentar a coroa de Miss Brasil é uma estudante de Engenharia de Alimentos linda, mas sem frescuras, que, quando preciso, deixa o salto alto em casa e encara o ônibus para ir à faculdade. Com 1,80m, Gabriela Markus,
24 anos, chama a atenção não apenas pela beleza, mas por ser determinada e comunicativa.
- Quero muito ser a próxima Miss Universo (o concurso será no dia 19 de dezembro, em Las Vegas, nos Estados Unidos) e farei de tudo para conquistar o título. Estou 100% focada - garante ela.
- Determinada e madura
Diferentemente de outras misses, Gabriela não acata de olhos fechados a todas as determinações do missólogo Evandro Hazzy. A linda tem um estilo próprio e sabe o que fica melhor para si.
É ela quem faz sua própria maquiagem e sempre opinou em todas as etapas da preparação para o concurso. Apesar disso, Evandro reconhece que Gabriela foi, entre todas, a miss que menos lhe causou problemas:
- Ela é determinada e madura. Mora sozinha, é viajada e sempre cuidou da beleza e da alimentação. Com a Gabriela, eu não tive muito o que fazer em termos de preparação, ela chegou pronta. Tem tudo pra ser a próxima Miss Universo!
TALENTO PARA BRILHAR NA TEVÊ
A Miss Brasil do ano passado, Priscila Machado, 26 anos, optou por viver em São Paulo.
- As oportunidades que tenho aqui são mais dentro dos meus planos. Continuo trabalhando como modelo e estudando para, em breve, estrear na tevê - planeja a morena, que está fazendo curso de interpretação para jornalistas:
- É essencial para eu exercer bem a profissão. No início do próximo ano, também quero retomar a minha faculdade de Jornalismo.
Depois de passar a coroa para Gabriela, no fim de semana passado, em Fortaleza, Priscila destaca a importância do título de Miss Brasil na sua vida, além de ter ficado em terceiro lugar no Miss Universo!
- Foi um divisor de águas. A minha vida hoje é outra. Sou uma pessoa muito mais madura e evoluída. Aprendi com as pessoas que conheci. Todos os esforços valeram a pena, sou capaz de olhar pra trás satisfeita! - afirma.
NOS TEMPOS DO SILVIO...
Vitoriosa em 1986, Deise Nunes, 44 anos, marcou época como a primeira Miss Brasil negra. Naquele tempo, tudo acontecia bem rápido, para todas as candidatas:
- Fui Miss Rio Grande do Sul em janeiro, Miss Brasil em maio e concorri ao Miss Universo em junho! Não tive tempo para me preparar, como as meninas têm hoje, tempo este que eu considero muito importante. Não é só a beleza, é preciso ler, ficar mais atualizada sobre o seu país e sobre o mundo, para fazer bonito.
Em seu reinado, Deise, que recentemente abriu uma escola para modelos na Capital, conheceu o Brasil todo e conviveu com Silvio Santos, apresentador do Miss Brasil na década de 1980.
- A cada lugar que eu ia, era recebida como autoridade. Vi o Brasil de verdade, e isto ninguém vai me tirar. Além disso, pude conhecer o Silvio, um ser humano fantástico! - conta ela.
DOUTORA RAFA E MODELO
Miss Brasil 2006, a santa-mariense Rafaela Zanella, 26 anos, vive em Porto Alegre há sete anos.
Casada com o médico Denis Valente há sete meses, ela forma-se em Medicina no fim do ano e vai especializar-se em dermatologia. Apesar da dedicação que o curso exige, a morena ainda trabalha como modelo e participa de eventos de beleza.
- O Rio Grande do Sul é um Estado que valoriza muito as suas misses! - salienta a bela.
Como ensinamento obtido no Miss Brasil, ela destaca as suas viagens pelo Brasil e o Exterior:
- Conheci e aprendi a respeitar culturas diferentes, a lidar com pessoas com opiniões muito diferentes das minhas. Como Miss Brasil, consegui realizar uma vontade que eu tinha desde pequena, que era ajudar entidades filantrópicas.
- Título exige dedicação
Entre a vitória regional e a disputa nacional, Rafaela fez aulas de passarela, de dicção, de oratória, de postura e de etiqueta, frequentou a academia e fez dança.
- E quem é responsável por tudo isso é o nosso mago Evandro Hazzy! Ele deixa muito claro: "Quero, sim, uma miss completa, mas quero, acima de tudo, uma mulher dedicada a atingir os seus objetivos" - lembra Rafa.
MISS COMUNICAÇÃO
Eleita Miss Brasil em 1999, Renata Fan, 35 anos, vê diferenças entre o concurso no seu tempo e agora.
- Era uma época mais pura, de uma beleza mais original. Mega hair, cílios postiços e plásticas não eram tão comuns como hoje - considera a loira.
Para Renata, a miscigenação do Estado contribui para que apareçam misses altas e belas. E avalia um outro ponto interessante:
- É muito difícil ganhar o Miss Rio Grande do Sul! Lembro que concorri com 82 candidatas em uma disputa acirrada. O Miss Brasil foi até fácil, perto da dificuldade de ganhar o concurso local.
Apresentadora do programa Jogo Aberto, da Band, Renata descobriu o dom da comunicação por intermédio do concurso.
- As experiências como Miss Brasil fizeram com que eu desenvolvesse este meu lado e decidisse cursar Jornalismo. Sou muito grata ao Miss! - pondera.
MISSÓLOGO CAMPEÃO
Há 15 anos à frente do Miss Rio Grande do Sul, o missólogo Evandro Hazzy é o responsável por oito títulos da etapa nacional - contando Josiane Oliveira, a miss casada que acabou perdendo a faixa. Obcecado por concursos de miss, o especialista não deixa um detalhe escapar ao seu crivo. Seu ídolo é o venezuelano Osmel Sousa, responsável pelo sucesso das misses daquele país, no Miss Universo.
- Alguns sites especializados já me comparam a ele. É uma honra muito grande - garante Evandro.
Para ele, a antecedência com que é escolhida a Miss Rio Grande do Sul ajuda na sua função: "buscar o equilíbrio entre o corpo e a mente de cada miss".
- Faço um estudo minucioso do que ela precisa para melhorar. Podem ser plásticas, aulas de dicção, academia, apoio de um psicólogo... E, quando não ganho, analiso onde eu errei - explica.
A preparação que faz toda diferença
Coordenador-geral do Miss Brasil, Boanerges Gaeta Júnior salienta que a superioridade gaúcha ocorre por dois motivos: a beleza das mulheres daqui e o tempo de preparação da miss escolhida, que é bem maior do que o dos outros Estados:
- Obviamente que as gaúchas são bonitas por natureza, mas, com a escolha em dezembro, a Miss Rio Grande do Sul teve nove meses para se preparar! Neste tempo, é possível fazer muita coisa: tratamentos estéticos, aulas de passarela, cirurgias plásticas, enfim, o que for necessário.
E por que os outros Estados, então, não fazem os concursos antes, para concorrerem de igual para igual com o Rio Grande do Sul?
- A maioria dos concursos depende de verbas públicas, ficam sujeitos a orçamentos e acabam saindo de última hora, semanas antes do Miss Brasil. Já no Rio Grande do Sul, o patrocínio é privado, o que permite o planejamento.
O ranking da beleza
- Rio Grande do Sul: 12 títulos*
- Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro: oito títulos, cada
- Santa Catarina: cinco títulos
* Em 2002, Josiane Oliveira perdeu o título de Miss Brasil ao assumir ser casada. Se contasse com a sua faixa, o Rio Grande do Sul chegaria a 13 títulos.