A proximidade da chegada dos 50 anos e o acidente grave com o filho, Pedro, em abril, fizeram com que Leonardo reavaliasse a sua vida. O sertanejo, um dos cantores mais queridos do Brasil, chegou a declarar que pensa em abandonar a carreira artística.

O encontro de Leonardo com o Diário Gaúcho ocorreu na noite do último dia 10, em Goiânia, durante a gravação do DVD da dupla Israel & Rodolffo, na qual ele subiu ao palco como um dos convidados. Talvez por estar em seu Estado de origem, cercado por familiares e por amigos, o cantor estava descontraído, bem-humorado e bastante sincero em suas respostas.

Contou piadas impublicáveis, atrapalhou entrevistas de outros músicos para a tevê e debochou de si mesmo, ao admitir que, apesar de ensaiar a semana toda, não havia decorado a letra da música Conto de Fadas, que cantou com a dupla, tendo que repetir quatro vezes no show. Confira!

* A repórter viajou a Goiânia a convite da Santafé Produções Artísticas.

Diário Gaúcho - Como está o Pedro?
Leonardo - Pedrão está bem, está de boa. Já está até dirigindo! Quando vi, me arrepiei dos pés à cabeça (risos). Tocamos e cantamos juntos desde o dia em que ele saiu do hospital (em julho). A maior dificuldade dele é na mão direita. E a mão direita é a que ele dedilha o violão. Então, Pedrão está fazendo o que gosta, e estão pegando pesado com ele lá, no Crer (Centro de Reabilitação e Readaptação, em Goiânia), mas está muito bom. Viajo muito. Por isso, vejo o Pedro mais ou menos de dez em dez dias. A cada nova vez que nos encontramos, a melhora é nítida. Estou curtindo muito a recuperação dele. Quando o Pedro se queixa, digo para ele se acalmar, pois não tem nem quatro meses de vida!       

Diário - O acidente com o seu filho  marcou muito...
Leonardo - Muda tudo na vida, pois a gente acha que estas coisas só acontecem com os filhos e com os amigos dos outros. E, desta vez, o bicho pegou feio do lado de cá. Logo depois do acidente, aceitei fazer uma campanha sem cachê para ajudar na educação do trânsito, algo muito importante. A gente mesmo é que causa todas estas tragédias. É necessário ter consciência! 

Diário - E a história de que vai abandonar a carreira de cantor?
Leonardo - Todo mundo tem uns momentos de baixa na profissão, mesmo com o sucesso e tudo, a gente dá uma baqueada. Depois do acidente do Pedro, quando a ficha caiu, fiquei transtornado! Pensei: "a gente não vale nada nessa vida, tá aqui agora, e, amanhã, não está mais. Vou viver a minha vida!". Vou fazer 50 anos (em julho do ano que vem), e a música exige demais da gente. Tenho muito o que curtir ainda com os meus familiares e com os meus amigos. Tem hora que você para e pensa se vale mesmo a pena ficar tanto tempo longe da família. Mas parar assim, de uma vez, acho que também não aguento, vai fazer uma falta lascada (risos)! Quero reduzir os meus shows, de 120 para uns 60 por ano.

Diário - Tem um filho seu, o José Felipe, que é apontado como o seu sucessor no meio sertanejo...
Leonardo - O Zé Felipe tem 14 anos e é doido por música. Ficou a semana toda atrás de mim com o violão, preocupado com a minha apresentação hoje, passando a música para eu não esquecer a letra na hora. Perguntei se ele vai seguir a carreira, e ele me pediu para decidir quando fizer 17 anos.

Diário - Próximo dos 50 anos, como se cuida? Você se considera vaidoso?
Leonardo - Sou caipira de pai e mãe, gosto de comer bem, e comida que engorda... Mas me mexo todo dia, faço esteira, bicicleta, jogo futevôlei. Toda vez que estou almoçando, penso que, se comer demais, vou ficar meia hora na esteira. Mas não é só vaidade, é também uma questão de saúde. Vai bater cinquentão, e nunca tive nem dor de cabeça! 

O show tem que continuar...

Leonardo, na verdade, chama-se Emival Eterno, nasceu em Goianópolis, no Interior de Goiás, em 25 de julho de 1963. Em 1983, ele e o irmão, Luís José, um ano mais velho, formaram uma dupla sertaneja, que veio a receber o nome de Leandro & Leonardo.
Com sucessos, como Entre Tapas e Beijos e Pense em Mim, eles conquistaram o Brasil e venderam mais de 20 milhões de discos. Em junho de 1998, a tragédia: Leandro não resistiu a um câncer raro e agressivo no tórax, o tumor de Askin.

Entre a descoberta da doença e o falecimento, foram dois meses. Depois de um período de luto, Leonardo optou por seguir a carreira solo e, em 1999, lançou o seu primeiro trabalho, intitulado Tempo. Daí em diante, foram 14 CDs, quatro DVDs e mais de 15 milhões de cópias vendidas.