Dobradinha
Malu Mader e Felipe Camargo voltam a contracenar em Sangue Bom e recordam os bons tempos
Quase três décadas depois da Anos Dourados, os dois voltam a dividir a cena na tevê
Quase três décadas depois, Malu Mader, 46 anos, e Felipe Camargo, 52, voltam a dividir a cena na tevê. Com a estreia de Sangue Bom, na segunda-feira passada, eles retomam a parceria que fez tanto sucesso em Anos Dourados, no distante ano de 1986.
Retratos da Fama traz um bate-papo com a dupla, que relembra os tempos de minissérie (atualmente, exibida no canal a cabo Viva), conta como é o novo trabalho e abre o baú de memórias.
Felipe Camargo:
Primeira vez na tevê!
- Minha experiência era zero em televisão. Tinha 26 anos e quatro de teatro. Então, na primeira vez que vi a minha imagem, achei horrorosa. Pensava que estava fazendo mal pra caramba e que alguém ia chegar para mim e falar "não deu!". Depois, foi uma delícia porque relaxei.
Visão ampla
- Era um outro mundo para mim. Não escutava aquelas músicas antigas que tocavam na minissérie. Mas, aí, comecei a ouvir e gostar.
Gurizão
- Eu era peladeiro, pegava onda. Jogar bola hoje, para mim, não dá. No dia seguinte, estou todo acabado, completamente moído.
Malu Mader:
Identificação com o papel
- Sempre fui meio velha, então, em vez de ouvir Titãs ou Paralamas do Sucesso, eu vivia escutando Ray Charles com o meu pai. Claro que eu era uma menina carioca, de praia, mas, por dentro, me sentia meio Lurdinha.
Mais bonita no passado
- Com certeza, eu era mais bonita naquela época. Só o meu marido (Tony Bellotto) me acha mais bonita hoje. Ele é bonzinho. Não que eu fique lamentando, tanto que não faço plástica, mas acho a juventude mais legal.
Homenagem
- Eu namorava o Marcos Paulo (diretor morto em 2012), e o Talma (Roberto, que dirigia a minissérie) teve a ideia de emprestar o nosso nome ao casal da trama (Malu se chama Maria de Lourdes).
Eram felizes e sabiam disso!
O ano: 1986. Malu Mader, com 19 anos, era feliz e sabia. Romântica, escutava clássicos da época em casa e, às vezes, até se pegava dançando um de Tom Jobim na sala, com o pai, o coronel do Exército Rubens Tramujas Mader. Não queria se casar, mas desejava muitos filhos.
Já Felipe Camargo, então com 26 anos, era muito preocupado com os estudos, mas não deixava de ouvir seu rock 'n' roll, jogar futebol e pegar onda, como um bom carioca. Vinte e sete anos depois de os dois atores viverem um grande amor na minissérie Anos Dourados, eles estão no ar juntos de novo, na novela Sangue Bom, como um ex-casal que tem um passado mal resolvido.
Com brilho nos olhos e em meio a muitas risadas, a dupla comemora o reencontro e relembra o sucesso escrito por Gilberto Braga.
- Olha isso, gente! Parece que estou vendo a minha sobrinha - emociona-se Malu, a Rosemere da nova trama das sete, ao pegar uma foto de Lurdinha e Marcos em Anos Dourados:
- Foi a primeira vez que senti que tudo ia bem. Às vezes, a gente olha para trás e pensa "eu era feliz e não sabia". Ali, eu era feliz e sabia disso!
Uma época de ouro repleta de lembranças
Felipe também não se controla e abre um enorme sorriso quando Malu mostra a imagem dos dois.
- Evidentemente, eu era mais bonito, mas me considero um cara bem conservado - brinca o Perácio da novela de Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari:
- Eu parecia tão novinho que, mesmo com 26, pediam a minha identidade quando ia a certos lugares!
Os dois não param mais de rir ao recordar a época de ouro. Até da técnica que Malu usa para sorrir em fotos, Felipe se lembrou.
- Ela fecha a boca mostrando os dentes e dá uma gargalhada só com a voz. Foi a primeira vez que vi alguém fazendo isto e achei sensacional! - entrega, aos risos, o seu colega.
Em família
Mãe de João, 17 anos, e de Antônio, 15, do seu casamento com o guitarrista dos Titãs, Tony Bellotto, Malu conta que vai aproveitar a reprise de Anos Dourados para gravar a história para os filhos:
- Vai passar na íntegra, e eu quero registrar porque os meninos nunca assistiram. E eu gosto de ver porque a minha família se parece muito. Quando revi Anos Dourados há um tempo, olhei e pensei "gente, como pareço com a Érika (Mader, sua sobrinha e atriz também). Não a de agora, mas quando mais nova, ela tinha aquela magreza, como eu.
Malu é tão discreta com a sua vida pessoal, que fica difícil achar um registro da atriz com os seus filhos. O mais recente, veja só, é de 2001.
Encontros e desencontros
Toda a alegria revivida com a parceria de anos atrás ficará restrita aos bastidores das gravações de Sangue Bom. É que Malu encarna na novela das sete a garçonete Rosemere que, no passado, se prostituiu e apaixonou-se por Perácio no seu primeiro programa.
Por duvidar da paternidade de Filipinho (Josafá Filho), os dois separaram-se. Anos depois, acontece o reencontro, mas a reconciliação será difícil.
- Ela ficou marcada pela desconfiança do Perácio, que até tem as suas razões. Mas, quando uma pessoa é honesta, é normal se sentir ofendida com essa situação - afirma Malu, defendendo a sua personagem.
Nem queria o papel...
Animado, Felipe confessa que rolou uma relutância para aceitar o papel como Perácio no início.
- A princípio, tive uma certa resistência por ser muito diferente de mim. Na vida real, tenho personalidade forte e criei meu filho desde os quatro anos - explica o pai de Gabriel, 20 anos, fruto do seu relacionamento com a atriz Vera Fischer, e de Antônio, dois aninhos, do seu casamento com a fisioterapeuta Malu Guimarães:
- Mas, na ficção, é bacana você tentar entender o que pode ter acontecido na trajetória do personagem e contar essa história.
Veja a minissérie no Viva!
A minissérie, que também destacou o trabalho dos então jovens atores Isabela Garcia e Taumaturgo Ferreira, como Rosemary e Urubu, aborda o amor proibido entre dois jovens nos anos 50, período de repressão sexual. Agora, a trama está sendo reprisada à noite, no canal a cabo Viva, e é campeã de pedidos, segundo a assessoria de imprensa da emissora.
- Acho que o sucesso se deve a essa história do amor impossível em uma época bonita do nosso país - opina Felipe.
Mergulhada nas lembranças, Malu conta detalhes da primeira cena:
- A Lurdinha estava na aula, desenhando uns corações no caderno, e a professora chama a sua atenção. Ela grita "Lourdes!", e você vê o quão assustada ela é. Foi o primeiro plano gravado de toda a minissérie. Sou péssima de memória, mas me lembro de cada gravação de Anos Dourados!