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Autismo: batalha na novela e na vida real

Entenda o que é o autismo e conheça os desafios dos pais de autistas na busca por melhores condições para os seus filhos

07/07/2013 - 14h01min

Atualizada em: 07/07/2013 - 14h01min


Em Amor à Vida, Linda (Bruna Linzmeyer) chama a atenção para uma síndrome que, segundo estimativas, afeta 120 mil pessoas somente no Rio Grande do Sul: o autismo. Os números são alarmantes - pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde informa que um a cada 54 meninos (eles são muito mais atingidos do que as meninas) é autista e que o número de casos, por motivos desconhecidos, tem aumentado entre 10% e 17% ao ano. Apesar disso, a doença ainda é bastante desconhecida, e as famílias afetadas sofrem com o preconceito e com a falta de assistência do poder público.  


Entenda melhor a síndrome


A médica clínica Ana Beatriz Squadri, da Santa Casa, esclarece questões sobre o autismo:


- É uma disfunção neurológica com base genética cujas características são dificuldade de interagir e de comunicar-se, comportamentos repetitivos e restritivos, como movimentos contínuos com o tronco ou com as mãos, e interesses muito específicos (ficam observando um mesmo objeto durante horas, por exemplo).


- O autista não lida bem com mudanças em sua rotina e tem muita sensibilidade aos estímulos sonoros e visuais.


- Há vários graus de autismo, do mais leve, quando não há comprometimento da fala e da inteligência, ao mais severo.


- Não há cura, e o tratamento ideal é a combinação de vários profissionais das áreas da saúde e educação. Se necessário, podem ser usados medicamentos.


Após o diagnóstico, mais dificuldades


Entidades, familiares e profissionais de saúde são unânimes em afirmar: não há uma rede de atendimento pública adequada para o autista. Não existe, na Capital, nenhum tipo de atendimento de saúde sem custo, especialmente voltado aos autistas. Por isso, muitas famílias têm garantido na Justiça o direito a um acompanhamento adequado.


- Não há atendimento gratuito de saúde à pessoa com autismo, consideradas todas as suas necessidades - explica Marcelo Ribeiro Lima, diretor-presidente do Instituto Autismo & Vida.


Sancionada em 27 de dezembro de 2012, a lei federal 12.764 garante aos autistas direitos como o atendimento gratuito nas áreas da saúde e educação.


Situação pode melhorar no futuro


A coordenadora da Política de Saúde da Pessoa Com Deficiência da Secretaria Estadual da Saúde, Anne Montagner, reconhece as dificuldades em cumprir a lei, mas afirma que a situação deve melhorar:


- Está em fase de aprovação o Plano Estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência, que prevê 23 centros especializados em reabilitação no Estado, qualificando o atendimento. A dificuldade das famílias de autistas deve diminuir significativamente.


Preconceito na rua e dentro de casa


A situação da novela, na qual Linda é superprotegida pela mãe, Neide (Sandra Coverloni), e ambas sofrem com os destratos da irmã de Linda, Leila (Fernanda Machado), é bem comum na vida real. Os pais de um autista, em especial, a mãe, costumam isolar-se devido aos cuidados e às exigências do filho.


Heide Kirst, coordenadora-geral da Associação Pandorga, explica que o desconhecimento da sociedade sobre a doença é muito grande:


- As mães dizem que o problema maior não é a criança em si, mas a solidão, até em relação aos parentes. São famílias que acabam isoladas, e o autista, por ter traços faciais semelhantes aos de qualquer pessoa, é, muitas vezes, visto como uma criança malcriada, cujos pais não o educaram corretamente.


Depoimento: Pâmela Pinheiro, de Alvorada


"Quando Patrick tinha um ano e meio (ele tem oito agora), assisti a uma reportagem no Fantástico sobre autismo, e todas as características batiam com as dele.


Consegui uma clínica gratuita em Porto Alegre, a Saerme, na qual ele foi muito bem. Só que a clínica fechou em 2011, e o Patrick ficou um ano sem tratamento, tendo crises. Foi terrível.


Depois, consegui uma vaga para ele em uma clínica particular, via decisão judicial. O Patrick é muito inteligente, começou a ler aos dois anos, fala cinco línguas e adora computador. Sonho em vê-lo adulto, com uma profissão que explore a sua inteligência. Cada conquista dele é uma vitória."


Os sinais de alerta


Quanto mais cedo é feito o diagnóstico, mais chance de sucesso terá o tratamento. Por isso, as mães devem ficar atentas para alguns sinais dos bebês e, em caso de dúvida, procurar um médico. Veja quais são!


- De dois a três meses: o bebê não faz contato frequente olho no olho.


- Aos três meses: o bebê não sorri para os pais ou ao ouvir as suas vozes.


- Aos seis meses: o bebê não dá risada nem tem expressões alegres.


- Aos oito meses: o bebê não segue o seu olhar quando você olha algo distante.


- Aos nove meses: o bebê não balbucia.


- Aos 12 meses: não imita os sons que você faz nem sabe dar tchau.


- Aos 18 meses: não aponta para algo do seu interesse.


- Aos 24 meses: não fala frases de duas palavras.


- Em qualquer momento: perde uma habilidade que já havia dominado (por exemplo, para de falar).


Para mais informações e orientação


- Instituto Autismo & Vida: site www.autismo evida.org.br ou e-mail contato@autismoevida.org.br


- Associação Mantenedora Pandorga: fone 3588-7799 e site www.pandorga autismo.org


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