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Em Porto Alegre

Um cara do Sul, apegado às origens

Juliano Cazarré fala sobre paternidade e o futuro de Ninho na trama de Walcyr Carrasco

03/08/2013 - 12h02min

Atualizada em: 03/08/2013 - 12h02min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Aos 32 anos, mais de dez de carreira, Juliano Cazarré transita pelo teatro, cinema e tevê, mas foi o canhão de uma novela das nove que lançou luz a este talento gaúcho que conquistou o país com o ingênuo Adauto, de Avenida Brasil (2012). O sucesso arrebatador do ex-gari colocou-o no time de galãs da Globo e rendeu a ele um dos principais papéis de Amor à Vida, o Ninho. Agora, o pelotense, criado em Brasília e que mora no Rio, joga-se em mais um desafio e aventura-se como escritor. E foi para lançar o seu primeiro livro, Pelas Janelas (preço médio, R$ 30), que ele esteve em Porto Alegre e conversou com o Diário sobre a sua relação com a literatura. Casado com a bióloga Letícia Cazarré, com quem tem dois filhos, ele fala ainda sobre paternidade e o futuro de Ninho na trama de Walcyr Carrasco.

 

Diário Gaúcho - Desde quando escreve e quanto tempo levou para fazer este primeiro livro?

Juliano Cazarré - Comecei a escrever poesias, desinteressadamente, aos 16 anos. Escrevi este livro entre um e dois anos, quando morava em São Paulo, em 2008. Botei o último ponto final no começo do ano passado, mas só consegui lançar agora.

Diário - Sua porção escritor é herança do seu pai, o premiado autor Lourenço Cazarré?

Juliano - Sem dúvida! Minhas memórias mais antigas são entrando numa livraria em Brasília para comprar livro. Era o programa de fim de semana: acordar cedo para ir para o clube brincar e, no final da tarde, passar na livraria. Meu pai dizia: "com livro, educação e saúde, não dá pra economizar". Crescemos cercados de livros e do exemplo do meu pai.

Diário - Quando sobrava tempo para escrever?

Juliano - Na época em que escrevi, fazia bastante cinema, mas não era tão corrido como é uma novela. Eu tinha mais tempo, era solteiro, sem filhos. Hoje, tenho que me organizar e me cobrar para escrever.

Diário - Quais lembranças tem do Rio Grande do Sul?

Juliano - Muitas! Até os meus 13 anos, vínhamos para Pelotas em todas as férias escolares. Eu adorava particularmente as de inverno, porque era o Sul com mais cara de Sul, com frio! Tenho um amor muito grande pelo Estado. Eu me vejo e me reconheço como gaúcho. De toda a família, sou o mais apegado às raízes. Escuto música nativista, compro na internet discos de milongas. Lá no Rio, ninguém compreende essa minha paixão, mas continuo escutando (risos).

Diário - Se, em Amor à Vida, o Ninho ainda não conseguiu aproximar-se da filha, na vida real, como é o paizão Juliano?

Juliano - Eu sou muito presente na vida dos meus filhos. Faço tudo. Com o Inácio (11 meses), dou banho, troco fralda, acordo de madrugada, vou buscar no berço, levo pra mãe, faço papinha. Com o Vicente (três anos), já fiz um combinado: todo dia, tem que ter uma fruta. Então, acordo, preparo e deixo cortado pra ele. É uma dimensão de amor que a gente só conhece depois que tem filho. O Vicente está numa fase linda, quer brincar, jogar bola comigo! Eu fico muito tempo mesmo com eles e, às vezes, me cobro se eu não deveria estar produzindo algo. Mas, quando estou trabalhando, me pergunto se não deveria estar com eles. Estou sempre meio culpado, mas tento conciliar.

Diário - Tem alguma identificação com Ninho?

Juliano - Talvez, mais com a primeira fase da novela, com o estilo e o visual dele. Na faculdade, por volta dos 20, 21 anos, era aquela coisa! Universidade federal, curso de artes... A galera tinha essa coisa riponga, e eu vivi a minha fase hippie, de cabelo comprido, roupa de algodão cru comprada em feira de artesanato. Também gostava de viajar com mochila nas costas, acampar.

Diário - O Ninho não tem o mesmo carisma do Adauto. Sente esta diferença na reação das pessoas, nas ruas?

Juliano - É verdade, e eu sinto, sim. Muda até a aproximação das pessoas. Antes, elas chegavam pra falar comigo como se fosse com o Adauto, só faltava me darem um tapa na cabeça (risos)! O Ninho é outro jeito de se aproximar, mais calmo. Ele reage com agressividade quando se sente acuado, então, contribui para que se tenha essa impressão de que ele é menos carismático. E, naturalmente, as pessoas o rejeitam.

Diário - O personagem ainda não teve um grande momento na trama. Podemos esperar uma virada do Ninho?

Juliano - Eu acho que deve acontecer algo nesse sentido e espero que tenha essa mudança, porque a novela deu um salto de dez anos, e todos os personagens amadureceram, enquanto o Ninho continuou o mesmo cara lá do começo. Acho que ainda vem bastante aventura por aí. Mas está tudo na mão do Walcyr Carrasco, e o que ele escrever eu vou fazer com alegria.


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