Papo sério
Câncer de mama é o que mais mata as brasileiras
A estimativa é de que surjam, em 2013, em todo o país, 52,6 mil novos casos
Nesta semana, em Amor à Vida, Silvia (Carol Castro) descobriu que está com um nódulo no seio. Será o início de um desafio para a advogada, que vai encarar a batalha pela saúde com o apoio do ex-marido, Michel (Caio Castro). Quando pensamos em câncer de mama, é mais comum vir à mente a imagem de uma mulher mais velha com a doença. Mas jovens, como Silvia, também são afetadas. Segundo o mastologista José Luiz Pedrini, vice-presidente nacional da Sociedade Brasileira de Mastologia, o câncer de mama é a principal causa de morte entre mulheres de 15 a 49 anos, no Brasil. A estimativa é de que surjam, em 2013, em todo o país, 52,6 mil novos casos - cerca de 30% destes em mulheres abaixo dos 40 anos:
- É um problema de saúde pública, pois a incidência cresce de 1% a 2% ao ano no mundo inteiro, em todas as idades. No Estado, está previsto que 1.050 mulheres morram neste ano em decorrência da doença.
Surgimento inesperado e bem mais agressivo
Presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), a mastologista Maira Caleffi lembra que, como a mamografia de rotina só é solicitada pelos médicos, geralmente, a partir dos 40 anos, o câncer de mama pode não ser detectado nas mais jovens. Só que a doença nesta faixa etária costuma ser mais agressiva, por isso, é necessária a rapidez no diagnóstico.
- As jovens devem ficar atentas e, em caso de dúvidas, procurar um especialista para o diagnóstico - aconselha Maira.
A presença constante de mulheres abaixo dos 40 anos no Imama levou o instituto a criar um grupo de apoio para as mais jovens:
- Elas têm outras necessidades, como sonhar em ter filhos após o câncer e não saber se conseguirão. É muito diferente ter câncer nesta idade.
Doença da vida moderna
Tipo de câncer mais comum entre mulheres, o de mama responde por 22% do total de
tipos de câncer que surgem a cada ano nelas. Se diagnosticado e tratado no início, tem boas chances de cura. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Não há como evitar, mas o aumento do número de casos da doença tem a ver com a evolução da vida atual da mulher: o estresse e o fato de ter filhos mais tarde podem contribuir. Entre as mais jovens, a doença é rara até os 20 anos e pouco frequente entre 20 e 30, mas, a partir dos 30, surgem mais casos, mais agressivos.
- O metabolismo rápido da juventude faz com que o câncer cresça mais - explica Pedrini.
Cuide-se e viva melhor
* Um conjunto de atitudes fará você viver com mais saúde, e, assim, evitar a doença: pratique exercícios físicos com regularidade e coma muitas frutas, verduras e legumes. Evite a obesidade, não fume e evite ingerir álcool em excesso.
* O estresse é um desencadeador do câncer. Se é difícil diminuir o ritmo de vida, procure levá-la de forma mais leve, incluindo atividades prazerosas, sem dramatizar os seus problemas no dia a dia.
* A partir dos 20 anos, faça o autoexame das mamas uma vez por mês, após a menstruação. A partir dos 40, solicite uma mamografia anual.
* Avise o ginecologista se, na sua família, houver casos de câncer de mama, pois os exames deverão ser feitos mais cedo do que o normal.
Auxílio
O Imama oferece grupos de apoio e de orientação para mulheres com câncer de mama. Conheça o trabalho da entidade em institutodamama.org.br ou pelo telefone 3023-7701.
Sabrina Helena Kwaszko, 34 anos, da Capital
"Aos 26 anos, senti que havia um pequeno nódulo na minha mama direita. E sentia uma dorzinha específica no lugar. Fui ao ginecologista, só que, na mesma consulta, descobri que estava grávida, e o assunto acabou ficando de lado. Depois que o Nicolas nasceu, o médico dizia que a dor era por causa da amamentação, e mais tempo passou. A minha queixa só foi levada a sério quase três anos depois, quando, aos 29, descobri que estava com câncer.
Tive a sorte de não ser um tumor tão agressivo, pois a doença poderia ter se espalhado durante todo este tempo. Mesmo assim, retirei a mama parcialmente e fiz radioterapia. Emagreci 15kg no tratamento e tentei encarar tudo com coragem, pensando no meu filho pequeno e na minha mãe, Olga, que teve câncer de mama também e sobreviveu. Queria parecer forte, mas tive que buscar apoio psicológico.
Há quatro anos, fiz a cirurgia e ainda monitoro. Tenho que me cuidar por, pelo menos, dez anos. Meu conselho é: não deixe passar se notar algo, busque um médico e insista nos exames. Não deixe tudo no ritmo do Sus, persista, vá atrás!"