Bola cheia
A 100 dias da Copa na Capital: os exemplos da Porto Alegre que anda
Conheça as iniciativas de quem vai aproveitar a passagem do Mundial
Faltando cem dias para França e Honduras pisarem no gramado do Beira-Rio, no primeiro jogo da Copa em Porto Alegre, a cidade vive dois climas diferentes. Se fossem as seleções que estarão no Mundial, poderíamos dividir entre uma que é favorita e outra que chega apenas para cumprir tabela.
A que disputaria o título é a Capital que se mexe. São pessoas que se movimentam atrás de trabalho temporário ou buscam alguma forma de aumentar o orçamento familiar. Parecem até aquele camisa 10 inteligente, que prevê a jogada antes do adversário, e já estão de olho nas cerca de 12 mil vagas de trabalho que devem ser geradas no Estado, segundo um estudo da Fundação de Economia e Estatística.
No outro lado, a Capital que não anda. Ou seja, o time responsável pelas obras da Copa chegaria desacreditado, desentrosado e, sendo bem otimista, em cima da hora. As obras são de mobilidade, mas o ritmo é lento.
Os zagueiros estão lá pilotando, quebrando e cimentando, mas a falta de atacantes velozes nas áreas administrativa e fiananceira compromete o desempenho de toda a equipe. Na reta final, com treinamento em três turnos - se houver necessidade -, a burocraria, o planejamento ruim e a falta de dinheiro serão finalmente superados.
Aluguel para conseguir grana extra
Copa do Mundo é época de que mesmo, caro leitor? Não, não é só torcer. É tempo de faturar! Pelo menos é o que espera Vera Lúcia Tavares, 46 anos. A técnica em radiologia está disposta a juntar a família, pegar as malas e passar uns dias na casa de uma amiga. Tudo para que, no fim do mês de julho, o seu orçamento bata um bolão.
A ideia é simples. O apartamento em que mora com o marido, Rogério Ramalho, 46 anos, a filha e a neta, está para alugar no período da Copa - há sites que unem esse tipo de aluguel. Vera projeta embolsar cerca de R$ 2 mil a diária. Sabe que é um valor exorbitante, mas a pedida é livre. E o negócio, claro, está aberto para pechincha.
- A nossa ideia é alugar mesmo para a imprensa que vem para Porto Alegre - projeta Vera.
Confortável, o apartamento no Bairro Medianeira tem dois quartos. Se a grana vier, já tem um destino: reformas na casa. Vera se inscreveu no site www.casasparacopa.blogspot.com.br, onde os valores, pasme, leitor, chegam a
R$ 60 mil reais. Há outros sites também, o que impossibilita saber quantas pessoas disponibilizaram as suas moradias para alugar.
Pós-graduado e... ambulante!
Gustavo Neumann, 33 anos, está na turma dos que já se mexeram para fazer parte da grande festa da Copa em Porto Alegre. Advogado e pós-graduado, o morador do Bairro Ipanema é um dos 1.775 inscritos no projeto da empresa CSM Brasil. Dentre as opções oferecidas para trabalhar, Gustavo bateu pé. Não quer nada na sua área.
- Quero vender cachorro-quente, ser ambulante - conta, com um sorriso largo.
Como experiência, traz na bagagem o fato de ser cliente de carrocinhas e as cenas do Félix (Mateus Solano), na novela global Viver à Vida, vendendo o seu famoso hot dog.
- Não serve? - questiona, com bom humor.
Quando inscreveu-se, Gustavo não sabia que o temporário era remunerado com R$ 120 a diária, mais benefícios.
- Achei que era voluntário e vim assim mesmo. Eu quero é estar no meio do evento.
Experiência única
Bruna Gonçalves Pires, 24 anos, entrou no Sine em busca de um emprego. Viu as vagas temporárias para Copa e interessou-se:
- É uma experiência única para a minha vida - acredita a estudante de Administração.
Gostou da remuneração diária, mas pesou o fato de estar inserida em um dos maiores eventos do mundo. E conta com a experiência em grandes festas, como o Planeta Atlântida, para ser selecionada.
De futebol, a moradora do Bairro Lami é bola murcha. Gosta, mas passa longe de ser uma entendida. Gremista, viu-se envolvida com um clube quando, após desfilar pela Acadêmicos de Gravataí, foi convidada para ser musa do Cerâmica.