Se depender do garçom aposentado Pedro Viegas de Freitas, 78 anos, de Porto Alegre, a final desta Copa do Mundo já tem duelo definido: Brasil e Argentina se enfrentarão numa partida repleta de lances mágicos protagonizados por Oscar e Neymar, com vitória dos brasileiros. E o jogo ainda ganhará o reforço do imaginário de Pedro, proporcionado pelo inseparável radinho que carrega num dos bolsos do casaco.

Ele acredita que as partidas de futebol se tornam ainda mais emocionantes quando tem o companheiro de pilha ao seu lado. Principalmente, depois das 21h, quando todas as luzes do Asilo Padre Cacique, onde mora, se apagam e Pedro fica apenas ouvindo música e futebol no aparelho - com o auxílio dos fones de ouvido.

-Como tudo silencia, prefiro não atrapalhar os colegas de quarto. Fico quieto, apenas com o meu radinho - revela.

Antena para ouvir
A paixão do aposentado pelo rádio vem dos tempos da infância, em São Luiz Gonzaga, nas Missões, a 505km da Capital. Foi de lá que ele acompanhou a Copa do Mundo de 1950 e os jogos no estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre.

-Era o radinho que nos ajudava. Colocamos uma antena em cima da casa e ele funcionava à bateria. Os vizinhos ouviam conosco porque nem todos tinham acesso ao rádio. O ruim era quando entravam as emissoras argentinas e uruguaias, virava uma enrolação danada - recorda.

Mundial só pelo rádio
Vizinho do Beira-Rio, pois mora no asilo há mais de uma década, Pedro esteve na primeira inauguração do estádio junto com a família. E não guarda boas recordações porque a partida terminou empatada sem gols. O aposentado é daqueles que gosta de bons lances e muita rede estufada.

Orgulhoso de acompanhar de camarote a reforma do que chama de "salão de espetáculos", Pedro ainda não entrou no Beira-Rio depois da reinauguração. Mas alerta que pretende entrar depois dos jogos do Mundial.

-Já gostei muito de festa. Hoje, estou mais velho. Prefiro acompanhar todas as partidas pela televisão e pelo radinho, no meu quarto - diz.

Pedro ensina
Nesta Copa, Pedro tem certeza que Messi pode sumir se tiver dois bons marcadores brasileiros acompanhando a estrela argentina. Diferente do que ocorreu ontem, durante a partida contra a Nigéria, quando o artilheiro marcou dois gols e igualou-se ao brasileiro Neymar.

-Oscar e Neymar são mais ágeis do que o Messi porque pensam antes do chute. E o raciocínio vale muito num jogo de futebol, assim como na vida - ensina.