Copa 2014 - Liga dos Fanáticos



Copa em Porto Alegre

Franceses e hondurenhos disputam a torcida dos gaúchos

Porto Alegre estreia na Copa do Mundo recepcionando estrangeiros que contam com a hospitalidade da Capital

14/06/2014 - 09h02min

Atualizada em: 14/06/2014 - 09h02min


Alessandra Noal
Alessandra Noal
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Torcedores de Honduras vão ao Beira-Rio dar força para o time

Não estranhe se neste fim de semana você, em vez de um "tchê!" ouvir um "Hola", que tal?" ou ainda um "bonjour". Porto Alegre, além de gaúcha, será francesa e hondurenha. A partir das 16h deste domingo, no Beira-Rio, França e Honduras medem forças em dia histórico para a cidade. A Copa chegou. E os visitantes contam com seu apoio.

Dois ônibus e muita paixão
O estudante de Medicina da Ufrgs, Ivan Zepeda Mejia, 23 anos, bota fé que o Beira-Rio poderá se transformar numa reprodução dos estádios hondurenhos. Por isso, transformou a casa da família no bairro Três Figueiras no quartel-general de torcedores da América Central, abrigando muitos deles. Para o jogo, já arregimentou 40 torcedores para ir domingo ao estádio. Serão dois ônibus. O detalhe: os veículos estamparão a mesma frase usada no ônibus oficial da seleção: "Um país, uma nação e cinco estrelas no coração". Desses grupo de 40 hondurenhos, 24 embarcará para Curitiba, onde sexta-feira a seleção enfrenta Equador.

A simpatia pelo país, defendem os torcedores, vai além do fato de uma nação pequena da América Central. Para eles, a paixão e a vibração pelo futebol nos estádios são contagiantes.

- Um hondurenho vale dez franceses. A gente vive o futebol, sofre, xinga, grita - afirma o futuro médico.

O pai de Ivan, o engenheiro agrônomo Norman Zepeda, 54 anos, calcula uma inédita classificação de Honduras com o seguinte caminho: empate neste domingo e vitórias contra Equador e Suíça. Para tanto, conta com a simpatia dos brasileiros, como gesto de reciprocidade à admiração dos hondurenhos a craques como Pelé e Garrincha.


Por que torcer por Honduras?
A família de Ivan, formada também pela mãe Elba e pelas irmãs Maria Fernanda e Maria Jose, aponta outros motivos para torcer por Honduras. Entre eles estão as lindas praias, como as da Isla de la Bahía, formada por Roatán, Utila, Guanaja e Barbareta, com águas quentes e cristalinas o ano todo, sem falar o patrimônio histórico de cidades, como Copán, detentora da maior reserva arqueológica do período clássico dos maias.

E ainda tem as comidas e bebidas típicas, como as baleadas, espécie de tortillas com farinha, feijão preto mexido, nata, queijo, ovo mexido e carnes, muito degustadas no retorno de baladas e pela manhã e a horchadas, feita de arroz e leite em pó. Nas danças típicas, o destaque é a Punta, apresentada em bailes e feita na ponta dos pés. Outra é o soninho, executada para alunos do 1° ano da escola, em que os pequenos começam a dançar devagarinho para com o tempo ser executada mais rápida. Aliás, por lá, as danças são tradicionais desde o começo dos estudos até o último ano na escola.


Direto do país da Torre Eiffel
Maior carrasco do Brasil em Copas do Mundo, a França estreia na competição neste domingo, contra Honduras, às 16h, no Estádio Beira-Rio, em que se opõe a tradição contra uma equipe que sequer passou de uma fase inicial. O primeiro duelo do Mundial em Porto Alegre é válido pela primeira rodada do Grupo E. Mesmo com Ribéry, cortado de última hora, os franceses, campeões mundiais em 1998, largam como franco favoritos contra Honduras.

Para a professora francesa Charlotte Waze, 42 anos, há cinco no Brasil, a torcida no estádio será pela França. Justifica que a seleção tem tradição no futebol, é reconhecida pelos brasileiros, sem contar que os franceses gostam do Brasil. Ao lado do marido Franz e dos filhos Achille, sete, Hortence, 12 e Pauline, 15, assistirá a estreia da França no Beira-Rio com um grupo de 22 pessoas, entre franceses e espanhóis. Neste sábado, mais sete jovens vindos diretos da Terra de Platini e Zidane para encorpar ainda mais a torcida.

O empresário Franz entende que o corte de Ribéry faz com que o time fique mais jovem e perca em experiência. Ele teme que a seleção de Honduras receba mais carinho dos torcedores por ser mais fraca. O que faz com que lembrem um histórico da França em fazer jogos muito bons contra grandes times e péssimas apresentações frente a adversários mais fracos.


Por que torcer pela França?
O casal Charlotte e Franz observa que a França acolhe milhares de turistas brasileiros anualmente. E que no Brasil, a admiração pelo país da Torre Eiffel passa por diferentes motivos: das bolsas Channel e Louis Vuitton, à qualidade de vida, o patrimônio cultural, a gastronomia por pratos como o croissant, petit gateou, escargot, queijos e vinhos. Sem contar que em Porto Alegre há diversos prédios com nomes franceses.

- A nossa seleção não tem craques, são jovens que tem tudo a demonstrar com muita força de vontade de jogar e um prazer que não se via há tempos - aponta a professora.
Confiantes num bom resultado, o grupo tratou de passar a semana vivendo o clima de Copa. Adaptados ao Brasil, na quinta-feira, se reuniram para acompanhar juntos a vitória brasileira. E neste sábado, na véspera do jogo, um novo encontro dos franceses fará o aquecimento. O detalhe é que em vez de comidas franceses optarão pela tradição do churrasco gaúcho.

- A culinária francesa tem boas comidas, mas o churrasco foi a descoberta das nossas vidas. Ele significa reuniões, alegrias, festa - enumera Charlotte.


França
Sem Ribéry, a França terá que apostar em estilo de jogo mais coletivo. A missão de Benzema e companhia será apagar a má impressão deixada pelo fiasco da eliminação na primeira fase em 2010 e a crise no vestiário entre técnico Raymond Domenech e os jogadores. O técnico Didier Deschamps (capitão em 1998) conta com trio ofensivo afiado: Valbuena (do Olympique de Marselha), Benzema (do Real Madrid) e Giroud (do Arsenal). Também tem uma defesa forte, com os jovens Varane (Real Madrid) e Sakho (Liverpool), que disputam lugar na zaga com Koscielny (Arsenal), além do volante Pogba, eleito melhor jogador sub-20 da Europa em 2014.


Honduras
Será a terceira participação de Honduras na Copa do Mundo. Em 1982 e em 2010, não passou da primeira fase. Em 1982, teve como grande destaque o goleiro Arzu. Mesmo que o espanhol seja o idioma oficial do país da América do Norte, o inglês domina a seleção montada pelo Luis Fernando Suárez. Os principais nomes da equipe atuam no futebol inglês e nos Estados Unidos. Nove jogadores atuam no país e dois deles estão sem clube no momento (o meia Jorge Claro e o atacante Carlos Costly). A curiosidade está no gol: os goleiros Noel Valladares e Donis Escober atuam no mesmo clube, o Olímpia.


Os protagonistas
Com a camisa 10 eternizada por Platini e Zidade, o centroavante Benzema será recuado e atuará pela esquerda, na vaga de Ribéry atuaria. Giroud está longe de ser um craque, mas tem feito gols e virou o centroavante titular. O volante Pogba é o motor francês, que não terá um articulador de ofício para organizar o time.

O volante Wilson Palacios, do Stoke City, é o cara da seleção de Honduras. Acostumado ao futebol inglês, representa o estilo de jogo da seleção. Muita pegada e algumas faltas mais duras. Dos pés do lateral-esquerdo Izaguirre, do escocês Celtic, é de onde devem surgir as melhores chances de gol. Bengtson, centroavante que joga no New England Revolution, dos EUA, é a esperança de gols da equipe.


FRANÇA x HONDURAS
Grupo E - 1ª rodada
16h - Estádio Beira-Rio

França 4-2-3-1
1 Lloris; 2 Debuchy, 21 Koscielny (4 Varane), Sakho e 3 Evra; 6 Cabaye, 19 Pogba, 14 Matuidi, 8 Valbuena e 10 Benzema; 9 Giroud
Técnico: Didier Deschamps


Honduras 4-4-2
18 Valladares; 21 Beckeles, 5 Bernárdez, 3 Figueroa e 7 Izaguirre; 8 Wilson Palacios, 19 Garrido, 23 Marvin Chavez e 15 Espinoza; 11 Bengtson e 13 Costly
Técnico: Luis Fernando Suárez


O juiz é nosso!
O árbitro Sandro Meira Ricci, único árbitro brasileiro no Mundial, foi escalado pela Fifa para apitar o primeiro jogo em Porto Alegre. Aos 39 anos, o mineiro, que apita pela Federação Pernambucana de Futebol, estreia em Copas. Márcio Chagas da Silva, comentarista de arbitragem do Grupo RBS, entende que é bom estrear em um jogo teoricamente mais morno do que já começar numa fogueira. Os auxiliares paulistas Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse completam o trio. Sandro, um analista de comércio exterior fora de campo, apitou a final do Mundial de Clubes em 2013, Bayern de Munique 2x0 Raja Casablanca.


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