O Povo da Copa
Moradora da Rua Colômbia com Avenida Pátria é fanática pelo Brasil
Técnica de enfermagem mora em Alvorada e tem no bom humor sua receita de felicidade
Enquanto brasileiros e colombianos decidem hoje quem continua na Copa do Mundo, na Rua Colômbia, quase esquina com a Avenida Pátria, no Bairro Formosa, em Alvorada, já há uma vencedora. E ela é do Brasil! Aos 42 anos, a técnica de enfermagem Ioná Souza da Silva prova que otimismo e bom humor ajudam a driblar qualquer dificuldade.
Quem vê o sorriso largo como cartão de visita de Ioná não imagina as agruras já enfrentadas por ela na vida. A mais difícil ocorreu quando tinha 21 anos, ao descobrir um tumor no útero. Ioná lutou durante quase uma década contra a doença, que a tornou infértil. Como consequência, acabou se separando do marido.
- Poderia ter desistido de tudo naquele momento. Mas me fortaleci com a ajuda da família, mantendo a esperança de que o sol voltaria a brilhar para mim - conta.
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Música da vida
Foi o que ocorreu. Curada, Ioná retornou aos estudos, abandonados durante a doença, e formou-se técnica em enfermagem. Tornou-se socorrista voluntária e há dez anos também trabalha na UTI de um hospital da Região Metropolitana. Fez da dedicação ao próximo a sua causa. Sempre com um sorriso no rosto e uma mensagem positiva.
- Quem cultiva a semente do amor, segue em frente não se apavora. Se na vida encontrar dissabor, vai saber esperar sua hora - cantarola Ioná a música que considera a da sua vida, do Grupo Revelação, a mesma que os jogadores elegeram como a da Seleção nesta Copa.
"O negócio é passar por cima"
Patriota declarada desde criança, quando torcia pelo Brasil ao lado do pai João Maria da Silva, 70 anos, Ioná não envergonha-se de vestir verde e amarelo nos dias dos jogos do país. A cada Copa, a casa da técnica de enfermagem ganha um novo enfeite nas cores. Há tapete, cooler, pote de pipoca, guarnapos, toalha de crochê, almofadas, bandeirolas, jogo de cafezinho com a bandeira e adereços usados na época.
Diferente de outras campanhas, Ioná só decorou a casa nesta Copa um dia antes da estreia do Brasil. Ela contou com a ajuda das sobrinhas Lauren Silva da Silva, sete anos, e Yasmin da Silva da Cruz, 12 anos.
- A Rua Colômbia e a Avenida Pátria sempre foram enfeitadas pelos moradores. Mas as manifestações quase mataram a nossa vontade de torcer - recorda.
Apesar de ser fanática pelo Brasil, Ioná não tinha percebido que o endereço onde mora leva o nome do adversário de hoje.
- Assim como eu, a Seleção tem o inimigo à sua frente. O negócio é passar por cima e seguir em frente. A Pátria está logo ali na esquina - brinca rindo, como sempre.