Entrevista
Grêmio com Zé de maestro na Vila
Neste domingo, o meia encara um antigo conhecido: o Santos

Ele rodou o mundo, vestiu a camisa de Pelé, provou o chimarrão e está louco para marcar o primeiro gol com a camisa tricolor. Com 38 anos completados na sexta-feira, Zé Roberto é a referência do time gremista nas obsessões para este segundo semestre.
No domingo, às 16h, na Vila Belmiro, o meia encara um antigo conhecido. Foi justamente no Santos, com Luxemburgo, que ele viveu uma grande fase, logo após a Copa do Mundo de 2006. Profissional ao extremo, Zé garante que isso só é mais uma motivação para a partida.
Diário Gaúcho - Como está a tua readaptação ao futebol brasileiro?
Zé Roberto - Estou me sentindo muito bem. Tive um mês de trabalho muito forte, até porque estava voltando de férias. Está tudo muito positivo, estou aprimorando a cada dia a minha condição física. Acho que a única coisa que falta é ritmo de jogo. Acredito que depois de três, quatro jogos, você começa a readquirir ritmo e a conhecer melhor os companheiros. Fiquei feliz porque, no último jogo, consegui fazer 90 minutos. A única diferença é que acho que foi a primeira vez que acabei, pela dificuldade da partida, jogando em três posições. Iniciei no meio mais avançado, passei por meia defensivo e depois por lateral-esquerdo.
DG - E a tua vida em Porto Alegre? Já tomaste chimarrão?
Zé Roberto - Chimarrão já tinha provado há muito tempo. Sou casado, tenho três filhos. E, no nascimento do primeiro, há 12 anos, a gente trouxe uma "guria", a Marina, para trabalhar conosco e acabei pegando essas coisas do Rio Grande do Sul. Ela sempre levava a erva-mate para a Alemanha, e eu provei o chimarrão. Gostei (risos). Não conheço muito a cidade, só faço o caminho de onde eu moro para o estádio. Ainda não deu muito tempo. Mas todos que eu falo gostam muito daqui. Estou gostando porque não pego tanto trânsito como em São Paulo e no Catar. Está uma maravilha.
DG - Te sentiste bem na posição em que estreaste?
Zé Roberto - Este posicionamento (meia-atacante) é o que eu mais gosto, porque me dá mais liberdade. Gosto de poder criar, chegar na frente.
DG - O Grêmio tem uma dupla de atacantes de peso, mas está enfrentando problemas para colocar a bola na rede. Como resolver isso?
Zé Roberto - O Kleber teve a infelicidade de ter uma lesão grave, ficou uns meses parado e está voltando agora. Vai precisar de tempo para alcançar a melhor condição. Mas são atacantes de muita qualidade. Acho que, daqui alguns jogos, o Kleber vai estar melhor e mais confortável, e eu vou estar mais adaptado a jogar no Brasil e no meu novo clube.
DG - Achas que o Luxemburgo tem boas opções para a lateral esquerda, tão desfalcada?
Zé Roberto - Claro que sim. Há jogadores que podem suprir esta necessidade e nos ajudar.
DG - Por já teres atuado no Santos, este jogo de domingo terá gosto especial?
Zé Roberto - Joguei dez meses no Santos bem intensos. Foi na minha volta para o Brasil, em 2006, quando fiz uma excelente Copa do Mundo e mantive abertas muitas portas. Conquistamos o bicampeonato paulista, chegamos à semifinal da Libertadores, foi um ano especial. Fui considerado o melhor jogador em atualidade no Brasil. Fica sempre na memória. Tenho muitas boas lembranças do Santos dessa época. E, além de tudo isso, realizei um sonho de jogar com a camisa 10, do Pelé. Na minha infância, lembro que sempre sonhei em ser jogador profissional, mas nunca passou pela minha cabeça vestir a camisa do Pelé. Isso para mim foi um privilégio. Hoje, voltar à Vila é uma motivação maior, de ir lá e fazer um grande jogo no meu novo clube.
DG - Como analisas este elenco novo do Santos, especialmente o Neymar?
Zé Roberto - No meu ponto de vista, o Santos está entre as três melhores equipes do Brasil. É um time com muita qualidade técnica. E pôde manter o maior ídolo, que faz a diferença na equipe. Hoje, para se marcar ele, tem que sempre ter dois (jogadores) e um na sobra. Pela sua técnica, velocidade, é difícil marcá-lo no mano a mano.
DG - Achas que o Neymar será o grande nome da Copa de 2014?
Zé Roberto - Com certeza. Até lá ele vai estar mais maduro. Espera-se muito dele. É o nome da Seleção. A Seleção está buscando formar um time. Acho que já tem uma base. Mas faltam dois anos, tem tempo ainda, não será fácil. Vão vir seleções fortes, que já estão formadas, como a Espanha, a Alemanha, a Itália.
DG - Qual dos estilos de futebol que vivenciaste se assemelha ao do Grêmio?
Zé Roberto - Diria que o da Alemanha. Joguei no Hamburgo, um time que se parece muito com o que a gente tem aqui. Mesclava a força física com a técnica. Tinha dois atacantes bons e um meio-campo praticamente com a mesma formação nossa.
DG - Que achaste da recepção da torcida gremista?
Zé Roberto - Foi muito boa, muito legal. O estádio estava cheio, a torcida compareceu. Pude ver o carinho do público. Quero retribuir em campo. Não vejo a hora de fazer meu primeiro gol. Juntos, com o apoio dos torcedores e a mentalidade que foi criada aqui, a gente vai colocar em prática os objetivos. Estamos no início ainda do Brasileiro, mas temos que pontuar. Buscar, em primeiro lugar, a classificação para a Libertadores. Se mantivermos um nível alto, o título é consequência. Em princípio, tem que manter o foco.