Grêmio



Vítima do acidente

"Avalanche nunca mais", diz jovem ferido após cair no fosso da Arena

Com dores no quadril, garoto de 17 anos precisou ser carregado pelo pai e o primo no retorno a Pelotas

01/02/2013 - 08h10min

Atualizada em: 01/02/2013 - 08h10min


Grade não suportou peso de torcedores e quase provocou tragédia

Felipe Albuquerque, 17 anos, não pôde assistir à vibração de Marcelo Grohe ao defender o pênalti do zagueiro equatoriano Morante, quarta-feira, e garantir ao Grêmio vaga na fase de grupos da Libertadores. Ainda no segundo tempo, o adolescente de Pelotas havia sido encaminhado a atendimento no HPS. Na comemoração do gol de Elano, aos 16 minutos, foi um dos torcedores a ser derrubado no fosso da Arena. A mãe dele, a comerciante Sandra Albuquerque, 50 anos, viu tudo pela tevê, mas jamais imaginou que o filho estivesse entre os feridos.

O estudante, que trabalha na padaria dos pais, retornou para Pelotas na madrugada de ontem. Com dores no quadril, precisou ser carregado pelo pai e o primo. À tarde, mãe e filho conversaram com o Diário Gaúcho. Uma decisão já foi tomada pelo próprio jovem:

- Avalanche nunca mais.
 
Sandra - a mãe

Diário Gaúcho - A senhora viu a confusão? Pensou o que na hora?
Sandra Albuquerque - Na hora pensei "ai, meu Deus, credo", mas não imaginei que o Felipe pudesse estar no meio. Até porque ele não é dessas coisas.
 
Diário - Ele estava acompanhado de alguém?
Sandra - Ele, o pai dele e o meu sobrinho foram também. Eles costumam ir de excursão em quase todos os jogos. Por volta da 1h, o meu sobrinho ligou e disse que eles haviam perdido o ônibus. Logo em seguida, ele falou: "Tia, vou te dizer a verdade, o Felipe se machucou e está no HPS". Fiquei com o coração na mão. Mas, como estava acompanhando as notícias, vi que não era tão grave. Não foi grave, mas podia ter sido, até caso de morte.
 
Diário - Como eles fizeram para voltar para Pelotas?
Sandra - Uma conhecida minha levou eles na rodoviária. Mas estou muito chateada com a direção do Grêmio. Ele é menor. Imagina se estivesse sozinho? Na confusão, perdeu boné, celular. Não houve apoio de ninguém, nem foram ver se ele estava bem. Se ele não estivesse com mais gente, ninguém teria amparado. O hospital deu alta, e aí? Ninguém nos ligou para saber dele. Deixaram muito a desejar.
 
Diário - A senhora nunca se preocupou com o fato de ele ir na Geral?
Sandra - Não. Nunca houve problema algum. Foi a primeira vez dele na Arena. No Olímpico, não tinha preocupação. E ele costuma sempre ir com o pai.
 
Diário - Pretende impedi-lo de ir novamente?
Sandra - Ainda não conversamos sobre isso. Mas ele é um guri novo, está assustado nervoso. Vai depender muito de como vão resolver. 
 
Felipe - a vítima
 
Diário - Como foi o acidente?
Felipe Albuquerque - Eu estava no alambrado, e, na hora do gol, o pessoal veio. Não teve o que fazer. Desabou tudo, e eu caí. Foi tudo muito rápido, mas consegui virar o corpo de lado. Os seguranças me puxaram, e já chegou gente para me socorrer.
 
Diário - Está com muita dor?
Felipe - Estou com dor no quadril e na virilha. Não consigo colocar o pé no chão. Procurei o pronto aqui de Pelotas também.
 
Diário - Você costuma ficar no meio da avalanche?
Felipe - Normalmente fico perto, mas mais para o lado. Só que eu tinha ido no banheiro e estava passando por ali quando deu o gol. 
 
Diário - E daqui para frente, como vai ser?
Felipe - Vou começar a ficar mais longe, nas cadeiras quem sabe. Me assustei. Avalanche nunca mais.


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