A quarta Era Renato Portaluppi começa a partir das 18h30min deste sábado, em Curitiba. Na retomada do Brasileirão, o Grêmio enfrenta o Atlético-PR no Estádio Durival de Britto, endereço do Paraná Clube cedido ao rival enquanto a Arena da Baixada passa por reformas para a Copa de 2014. 

Mas voltamos à grande pauta desse jogo, a reestreia de Renato. O Grêmio recorreu à aura do seu ídolo para encontrar as saídas de uma crise inexplicável. Com um grupo incrementado por estrelas do quilate de Vargas e Barcos e outras remanescentes de 2012, como Zé Roberto e Elano, o time patina e segue sem rumo em 2013.

Renato volta para dar um norte ao time e também catalisar as forças do clube.

Sua idolatria é usada como estratégia da direção para fazer, enfim, o casamento da torcida com a nova casa. Com sua imagem, Renato pode conseguir fazer a Arena virar de uma vez por todas o caldeirão prometido desde que foi esboçada nas pranchetas de engenheiros e arquitetos da OAS.

Arena como Bombonera

O próprio ídolo se impressionou com a grandiosidade do estádio. Pisou lá na quarta-feira, em treino com 5 mil pessoas, e passou os olhos, admirado. Prometeu que a nova casa será uma "Bombonera" a cozinhar os adversários.

A urgência do Grêmio, porém, o obriga a estrear fora de casa. A direção, logo em seguida à demissão de Vanderlei Luxemburgo planejou manter Roger como interino e preparar a volta de Renato em alto estilo, contra o Botafogo, no outro fim semana.

A partida contra os cariocas seria o primeiro jogo depois do recesso na Arena e faltaria lugar para tanto gremista. Só que as questões técnicas abortaram essa ideia na largada.

Primeiro contato foi no domingo

Também colaborou a rapidez com que Renato e Grêmio se acertaram. Foi casamento de velhos amores. O primeiro contato ocorreu na manhã de domingo.

Mais tarde, Koff conversou com técnico. Alinhavou-se tudo. O encontro de segunda-feira, no Rio, na churrascaria Porcão, com os diretores Rui Costa e Marcos Chitolina, serviu  para definir o projeto até o final do ano e ajustar os detalhes do acordo desta quarta Era Portaluppi no Grêmio.

Confira como começaram os outrostrês períodos do ídolo.

AS ESTREIAS DE RENATO

1 - 16/6/1980 - Amistoso

Comercial-MS 1x0 Grêmio

Renato sempre foi de temperamento forte. Quis o destino que sua estreia no time principal fosse na inauguração do Estádio Locão, em Maracaju, no Mato Grosso do Sul. O Grêmio foi convidado a enfrentar o Comercial-MS na maior obra da cidade, a 200Km de Campo Grande. Há poucos registros desse jogo. As rádios não puderam transmiti-lo. A Embratel alegou falta de condições para instalação de linhas telefônicas. Aos 17 anos, Renato recém havia chegado ao Olímpico, indicado pelo técnico Valdir Espinosa, que o conhecia do Esportivo, clube com o qual foi vice no Gauchão de 1979. 

Espinosa aproveitou o amistoso para lançar vários garotos. Além de Renato, apareceram Newmar, zagueiro, China, volante, e Leandro, meia. O jogo terminou 1 a 0 para o Comercial. Renato saiu no segundo tempo, substituído por Jurandir. Mas só seria integrado de vez ao grupo principal em 1982, com Ênio Andrade. 

- Lembro desse jogo. A cidade tinha aquela terra vermelha igual a de Passo Fundo. E nós com o paletó de viagem branco. Imagina como ficou? - conta Espinosa.

2 - 28/9/1991 - Gauchão

Grêmio 0x0 Guarani-VA

Rebaixado à Segunda Divisão em maio de 1991, o Grêmio buscava recuperação no Gauchão e na Supercopa, disputada só pelos campeões da Libertadores.

Três dias depois de vencer o Inter por 2 a 1 no Olímpico e provocar a queda do técnico Abel Braga, o Grêmio surpreendeu e anunciou a volta de Renato. Seriam três meses de empréstimo pelo Botafogo e investimento alto. Renato receberia US$ 150 mil para atuar em 28 jogos - US$ 5,3 mil por jogo. O Botafogo, do bicheiro Emil Pinheiro, ficaria com US$ 200 mil. Uma fortuna na época. Renato, encantado com os prazeres do Rio, desembarcou e, sincero, avisou:

- Estaria mentindo se dissesse que não vim pelo dinheiro.

Na estreia, o Grêmio ficou no 0x0 com o Guarani-VA. Sua despedida foi no Gre-Nal final. Acabou 0x0, com Renato expulso.

3 - 12/8/2010 - Sul-Americana

Grêmio 0x2 Goiás

Renato chegou para tirar o Grêmio do atoleiro. Em 18º no Brasileirão, na zona do rebaixamento e com 12 rodadas já disputadas no campeonato, o ídolo desembarcou às 13h, foi ao hotel onde delegação estava concentrada e, à noite, estreou contra o Goiás, pela Copa Sul-Americana.

Ainda com Silas, o time havia empatado em 1 a 1 em Goiânia e jogava por empate sem gols. Mas levou 2 a 0 e caiu da competição. Renato colocou a casa em ordem e, 90 dias depois, comemorou a classificação do Grêmio à Libertadores.

O ídolo deixou o clube em 30 de junho de 2011, depois de empatar em 2 a 2 com o Avaí, lanterna do Brasileirão, no Olímpico. Saiu em litígio com o presidente Paulo Odone, de quem é desafeto até hoje.

4 - 6/7/2013 - Brasileirão

Atlético-PR x Grêmio

A reestreia do maior ídolo da história do Grêmio como técnico enche os gremistas de expectativa. Na primeira vez em que esteve na casamata tricolor, em 2010, perdeu para o Goiás e foi eliminado da Copa Sul-Americana, com um grupo inferior ao atual.

Agora, o cenário é diferente. Mesmo com os desfalques de Elano, machucado, e Riveros, que até o fim da tarde de ontem não havia sido inscrito na CBF, o time deposita em Barcos, Vargas e Zé Roberto as esperanças para uma atuação consistente e a primeira vitória fora de casa. O adversário, mesmo na parte de baixo da tabela, chega desfalcado, mas apresenta, historicamente, dificuldades ao Grêmio.

Maxi Rodríguez no banco em Curitiba

Além dos experientes, o Grêmio leva para Curitiba dois novatos com expectativas diferentes. O uruguaio Maxi Rodríguez disse que o mais importante no momento é estar junto ao grupo. Só o fato de ficar à disposição já significa, para ele, mais um passo adiante na curta estadia no Grêmio.

Como a regulzariação de Riveros só deve sair na próxima semana, ele sai na frente na disputa pelo terceiro posto de estrangeiro no grupo (Vargas e Barcos são os outros dois).

- É importante estar junto, ver o ambiente - disse Rodríguez.

Já o lateral Moisés, 22 anos, recém chegado do Juventude, assume a lateral direita, no lugar de Pará, suspenso. Nos treinos da semana, Moisés ouviu elogios de Renato, pela firmeza ao defender e pelo atrevimento ao avançar.

- O Renato conversou conosco, passou bastante tranquilidade. O time treinou bem na semana - afirmou Moisés.

Tanto Renato quanto Moisés, passando pelosveteranos Zé Roberto e Barcos sabem que a quarta estreia do chefe passa por Curitiba.