Fênix tricolor
Seis ações de Renato que resgataram a identidade do Grêmio
Há dois meses comandando o time, técnico recuperou o ambiente no vestiário
Renato completa neste fim de semana dois meses no cargo. Mais do que as vitórias seguidas e subida ao G4, o técnico recolocou ordem na casa. O Grêmio solidário em campo reflete a mudança no ambiente do vestiário, cheio de arestas na gestão de
Vanderlei Luxemburgo. Neste sábado, a partir das 18h30min, a força do time é colocada à prova contra a Ponte Preta, na Arena. Veja como Renato mudou o Grêmio.
Democracia Portaluppi
No grupo gremista, não há dúvidas de quem manda no vestiário. A última palavra é de Renato. Mas até ela chegar, todos podem opinar e colocar seu ponto de vista. Foi assim
com o esquema, de três zagueiros. Isso agradou os jogadores. Apesar de conduzir o grupo na base da conversa, a "legislação Portaluppi" é rígida.
Quem a desobedece, sente no bolso com pagamento à caixinha do vestiário. Atrasos, problemas com peso, uso de celulares nas refeições e cartões desnecessários nos
jogos representam multas.
O técnico que treina
Até a forma como um jogador bate na bola recebe a atenção de Renato. No treino de sexta-feira, Pará foi quem mais ouviu as orientações. Após o recreativo, o técnico
convocou o lateral-direito, Gabriel e Alex Telles para treinar cobranças de faltas. Antes de o trio começar, mostrou com os pés como queria a cobrança. Para azar de Busatto.
O goleiro reserva é vítima dos gols e das provocações do técnico nas bolas paradas. Renato revelou qualidade de cobrador que não aparecia nos tempos de jogador. A cada erro dos subordinados, explicava como corrigir, explicando desde como enquadrar o corpo até qual a parte do pé que deveria encostar na bola na hora da execução da cobrança.
Terapia de grupo
Ramiro e Kleber têm perfis diferentes, mas recebem o mesmo tratamento. O meia vindo de Caxias do Sul recebeu chances com as ausências de Souza e Adriano. O bom desempenho rendeu-lhe vaga de titular.
Após amargar seis meses no banco de reservas, o Gladiador reconquistou a titularidade. E não só pela qualidade técnica. Sua postura e entrega nos jogos são vistas como símbolo de conduta para os jogadores. Um exemplo da determinação de Kleber, que agradou a comissão técnica, foi quando se colocou à disposição, mesmo
muito gripado, para enfrentar o Botafogo.
● Conversa para aparar arestas
Nos primeiros dias de trabalho, Renato diagnosticou diferenças entre jogadores no grupo. Promoveu uma reunião para lavar a roupa suja. Todos puderam expor o que os incomodavam nos companheiros. A terapia deixou o ambiente mais leve. Além do
humor, Renato também aposta na conversa para resolver algumas desavenças no vestiário. Barcos, em entrevista coletiva, revelou outra providência adotada
- Quando chegou o Renato, cada um se olhou na cara e falou o que acontecia. Falamos o que pensávamos e o que achávamos um do outro. Fizemos autocrítica e isso ajudou a melhorar - afirmou o camisa 9, referência outra vez no grupo gremista.
Resgate do Pirata
Depois de cair de rendimento e ter desavenças com Vanderlei Luxemburgo, Barcos recuperou-se com Renato. Promovido a capitão, o argentino recebeu tratamento intensivo do novo chefe. Em todas as suas manifestações, Renato exaltava a qualidade do gringo e reforçava a sua importância na equipe. Os gols e as assistências do Pirata
reapareceram.
DVD do chefe e muita conversa
As brincadeiras de Renato deixaram o ambiente mais leve. Ele provoca os jogadores, dizendo que entregará a cada um um DVD com seus gols nos tempos em que era um
atacante de primeira. Até mesmo o letreiro de Campeão do Mundo retirado há pouco do
Olímpico, é usada para mexer com os subordinados. Ele faz questão de lembrá-los:
"Fui eu que coloquei". Nas concentrações, pede aos jogadores que passem o tempo juntos.
Eles foram "convidados" a permanecer menos tempo possível fechados em seus quartos ou entretidos com notebooks, celulares e videogames.
Novo ânimo faz correr mais
Além de Renato Portaluppi, o preparador físico Alexandre Mendes veio na mudança de
comissão técnica. Para Mendes, o foco dos dois meses de trabalho foi investir em treinos de força e velocidade.
- O trabalho vai muito pela unificação e pela mobilização do grupo. Não houve mudança
drástica, só de mentalidade. Isso faz com que os jogadores se empenhem e se cobrem mais - diz.
Mesmo com a maratona de jogos, o Grêmio marcou gols no segundo tempo contra o Santos, Vasco, Cruzeiro, Bahia, Fluminense e Atlético-PR.
- Um sistema ajuda os jogadores, permite que corram menos. Assim, a parte física
parece melhor explica Mendes, auxiliar de Renato na primeira passagem, em 2010.