Ídolo nos Andes
Grêmio à espera do Vargas do Chile
Com a suspensão de Kleber, o caminho está aberto para o chileno formar dupla com Barcos domingo, contra o Atlético-MG
O Grêmio trouxe Vargas. Deveria ter contratado o Edu. É assim que ele é conhecido no Chile, onde reina como ídolo absoluto. Nesta semana, por exemplo, foi capa dois dias seguidos do jornal El Gráfico, um dos diários esportivos mais importantes do país.
Também pudera. Virou o recordista com a camisa da seleção ao fazer gols em seis jogos consecutivos. Deixou para trás nomes como Carls Caszely, craque dos anos 70 e 80, e Marcelo Salas, referência chilena no anos 90 e 2000.
Vargas parece dependente dos ares dos Andes. É como se o minuano não lhe caísse bem. A ponto de transformá-lo em um atacante que hoje, no Grêmio, disputa vaga no time. Mas a sorte parece soprar a seu favor nesta semana. Com a suspensão de Kleber, o caminho está aberto para o chileno formar dupla com Barcos domingo, contra o Atlético-MG.
Só que essa dupla identidade incomoda. Até mesmo o pai, também chamado Eduardo Vargas. Ontem, em rápido contato por telefone, de Santiago, ele também não encontrou explicação para o abismo que há entre as atuações do seu filho com o vermelho do Chile e o azul do Grêmio.
- Na seleção, ele vive um grande momento - diz.
Os chilenos também procuram entender. Repórter do jornal El Gráfico, Rafael Verdugo diz que, no momento, só o meia Arturo Vidal está adiante de "Edu" na hierarquia da seleção. Vidal é o grande nome da Juventus, da Itália, onde o atacante fracassou pelo Napoli. Nem Sánchez, do Barcelona, supera o gremista em status.
A grande diferença entre o "Edu" e o Vargas, garante o repórter do El Gráfico, é a confiança. Na seleção, com o técnico Jorge Sampaoli, sente-se em casa. Foi Sampaoli que o avançou do meio-campo para o ataque na Universidad de Chile, em 2011. A partir disso, ele decolou e só perdeu para Neymar o título de melhor da América. Na seleção, também está entre os ex-colegas de Universidad.
- Edu é um jogador necessita de confiança. Acho que a perdeu no Grêmio - diz o jornalista.
Lesão e expulsão perturbaram
Quem convive com Vargas em Porto Alegre o percebe feliz. O romance com uma gaúcha fez bem. O chileno é retraído. E avesso a badalações. Nem no Chile costuma conceder entrevistas. Uma pessoa próxima dele garante: Vargas "jamais será líder no vestiário ou capitão, nunca vai assumir protagonismo". Também nunca se verá nele um leão de treino. Seu conceito é de que tudo se decide mesmo é no jogo.
A mesma fonte ouvida pelo DG garante que a sucessão de episódios também afetaram o chileno. A repercussão do acidente em que capotou uma caminhoneta numa estrada para Casca o incomodou. Depois, veio a expulsão contra o Criciúma, por chutar adversário sem bola, e a lesão sofrida contra o Botafogo. A convocação para os jogos contra a Venezuela e Espanha veio na hora certa.
Em números
Em 2010
UNIVERSIDAD DE CHILE - 28 jogos - Três gols
SELEÇÃO CHILENA - Dois amistosos, 0 gol
Em 2011
UNIVERSIDAD DE CHILE - 51 jogos e 29 gols
SELEÇÃO CHILENA - Seis jogos e dois gols
NAPOLI - 13 jogos e 0 gol
Em 2012
NAPOLI - 21 jogos e três gols
SELEÇÃO - Seis jogos e nenhum gol
Em 2013
GRÊMIO - 23 jogos e seis gols
SELEÇÃO CHILENA - Oito jogos e oito gols