Locos por ti, América
Para prestigiar o Nacional, torcedores chegam a Porto Alegre de carona
Grupo de torcedores do Atlético Nacional, da Colômbia, chegou a Porto Alegre de carona para o jogo contra o Grêmio, nesta terça
Até onde vai a paixão por um time de futebol? Para a torcida do Atlético Nacional, da Colômbia, até o Uruguai, Argentina, Chile e, recentemente, o Brasil. Neste momento, mais precisamente, em Porto Alegre.
Em viagem desde o dia 4 de janeiro, um grupo de colombianos abriu mão das partidas em casa.
- É fora que a equipe mais precisa da gente - disse um torcedor que preferiu ter o seu nome preservado num portunhol, resultado de cerca de uma semana em solo gaúcho.
Só o ingresso está garantido
A saída de Bogotá, capital da Colômbia, mais de um mês antes da partida pela Libertadores que acontece nesta terça-feira, às 22h, na Arena, tem uma explicação. Quanto tempo leva de viagem? De avião, cerca de sete horas. E de carona?
- Só Deus sabe - gritou um, em espanhol.
E é assim, contando com a boa vontade das pessoas que cerca de 150 colombianos _ uma média calculada pelos 50 que já estão na Capital - chegarão a Porto Alegre até a hora do jogo. Confirmado durante a viagem, só mesmo o ingresso, pago pelo próprio Nacional aos torcedores. O resto, à mercê da sorte e do bom coração dos nativos.
Embaixo da ponte
A tática, por onde passam, é rumar para as imediações do estádio onde será a partida. Por ali, começam a venda de suas manillas - as pulseirinhas feitas manualmente por eles - água em garrafinha e o que mais tiver para vender. Inicia, então, o boca a boca de que há colombianos precisando de ajuda na região. Até isso acontecer, eles ficam embaixo da ponte. Literalmente.
No Humaitá, até William Marques Rotel, 26 anos, - e outros moradores do bairro - abrigar 15 estrangeiros, foram três noites sob a Rodovia do Parque.
Melhor torcida
Há quem largue a mulher e a filha na Colômbia para marcar presença nos estádios adversários. É o caso de Ivan Taborda, 27 anos, que herdou dos irmãos mais velhos e dos tios a loucura desta vida nômade.
- Elas sabem do meu amor pelo clube e entendem. Mas sempre volto para casa - sorri o estrangeiro, vestindo um boné do Grêmio, presente de um dos amigos que conquistou por aqui.
No corpo, Ivan eternizou o sentimento pelo Nacional. Assim como Leonardo Prada, 26 anos, que fez o escudo do time cobrir suas costas. Arte essa motivo de orgulho para a namorada Alejandra Lopez, 20 anos, que prontamente pede ao amado que tire a camiseta e mostre a tatuagem.
O próximo destino do grupo é o Uruguai. Será lá a partida do dia 18 de março, contra o Nacional, pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores. Com ou sem ajuda dos uruguaios, o lema será sempre o mesmo:
- Para a mejor equipo, a mejor hinchada! (Para o melhor time, a melhor torcida!) - gritaram os hermanos.
Solidariedade gaúcha
William viu a rotina de sua casa mudar. Há poucos dias eram só ele, mulher, Elisa Martins, 30 anos, e duas meninas. Agora, são mais 15 pessoas para dividir prato, chuveiro e roupas de cama. Em um acerto verbal entre o motorista e seus novos hóspedes ficou combinado uma pequena contribuição nas despesas diárias.
- São pessoas do bem, que saem durante o dia em busca de dinheiro para se manterem aqui. Tanto é que teve colombiano que foi no jogo contra o Novo Hamburgo, no sábado, na torcida do Grêmio - explica William, que tem como missão ensinar algumas palavras em português aos hermanos.
Liderança dividida
O Atlético Nacional, da Colômbia, assim como o Grêmio, fez uma boa estreia na Libertadores. Em casa, fez 1 a 0 no Newell's Old Boys, da Argentina. Divide a liderança do grupo 6, considerado o grupo da morte, ao lado do time de Enderson Moreira. Amanhã, às 22h, é confronto direto.
O time de Medellín vem embalado com os resultados de 2013, quando conquistou o Apertura, o Clausura e a Copa da Colômbia, sobre o Millonarios.