Paixão tricolor
Cacalo: "Acreditamos na imortalidade deste tricolor"
O Real poderá ganhar do Grêmio. No entanto, não seremos vencidos por ausência de garra
Nosso Grêmio vive um momento único. Sem que importem as razões, enfrentamos enormes dificuldades, aliás, como todos os clubes também enfrentam. Em duas oportunidades, o Tricolor foi vítima de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Foram períodos de amargura que, felizmente, com grandeza e personalidade digna de um grande clube, deixaram de existir no dia a dia da instituição, na medida em que ficaram restritas a um passado remoto.
E ainda, em uma dessas quedas, o Tricolor retornou à Série A através de uma façanha que foi reconhecida mundialmente, uma vez que venceu um adversário direto com apenas sete jogadores em campo. Sempre assumimos nossas responsabilidades e tristezas, sem transferir culpas a quem quer que seja. Sem buscar subterfúgios para nos eximirmos das nossas fraquezas.
Se caímos dentro do campo, voltamos dentro do campo. Mas, como disse antes, tudo isso faz parte de um passado que não nos envergonha, pelo contrário, demonstra a força de uma camisa e de uma instituição que dignifica sua história. Percalços existem e sempre existirão. A capacidade de reagir e transformar óbices em produtividade positiva e de qualidade é o que faz crescer e se imortalizar um clube desta grandeza. Assim tem sido o Grêmio, ao longo de sua trajetória, desde sua fundação, em 1903. Sem que eventualmente enfrente obstáculos rigorosamente ultrapassados. A par de os citados rebaixamentos, o Tricolor passou aproximadamente 15 anos sem obter títulos de repercussão. Jamais se entregou. Jamais desistiu de retomar sua personalidade vitoriosa. Manteve sempre a honra de representar uma enorme legião de adeptos, que, por sua vez, nunca desistiram da parceria, do apoio e da certeza de que maus momentos, mesmo que longos, são passageiros na história do clube.
Momento muito especial
E os tais 15 anos foram se esvaindo. Muitas vezes ameaçamos retomar as glórias e a bola batia na trave. Tanto foi que, finalmente em 2016, o Tricolor, sob o comando técnico competente de Renato Portaluppi, na gestão do presidente Romildo Bolzan Jr., do vice de futebol Odorico Roman e do diretor de futebol Saul Berdichewsky, a glória retornou à vida do Grêmio.
A conquista do título da Copa do Brasil reabriu as portas do sucesso para o Grêmio. Aquilo que parecia tão distante, passou a se tornar novamente uma normalidade na vida do clube. Vitórias e títulos de grande repercussão. Retumbante repercussão. E não só pela Copa do Brasil em si, mas, especialmente, por recolocar o Grêmio na competição sul-americana que tem a sua cara. Sim, porque a Libertadores é a cara do Grêmio. E não se trata de opinião. É fato. É o clube brasileiro com mais conquistas de Libertadores da América. Único em nosso Estado.
A partir disso, sob todos os aspectos, o astral passou a melhorar indistintamente em todos os níveis. E tais fatos foram coroados e imortalizados com essa conquista do tricampeonato da América. Neste sábado, em decorrência de todos os acontecimentos, estamos disputando a busca do bicampeonato mundial. Ultrapassamos, como todo clube grande que se preza, a fase semifinal diante de adversários que são considerados menores tecnicamente. E não fizemos mais do que nossa obrigação.
No entanto, há fatos e circunstâncias que precisam ser bem avaliadas e terem a devida importância. Após todas as intempéries antes referidas, o que se vê atualmente é um céu azul, seja para que lado olhemos. Se falarmos em Libertadores da América, o Grêmio é o atual campeão. Se falarmos em Libertadores de 2018, o Grêmio já está classificado. Se falarmos em Campeonato Mundial, o Grêmio está na final. Se falarmos em Recopa Sul-Americana para 2018, o Grêmio já está classificado. E deixo de referir competições teoricamente menores, que a participação tricolor é garantida. Resumindo, para qualquer lado que venhamos a dirigir nossos olhares em nível de futebol profissional, na parte de cima do pódio, estará o Grêmio. Realmente, nada pode ser maior. Quero me congratular junto aos companheiros torcedores gremistas, pois vivemos um momento muito especial e único.
Acreditamos na imortalidade
Neste sábado, enfrentamos o poderoso Real Madrid, multicampeão mundial, diversas vezes campeão europeu e espanhol. É, sem dúvida, o maior e melhor de todos. Nada se compara ao Real Madrid. E quando digo nada, refiro-me que nenhum clube no planeta tem a conjunção estelar do time madrilenho. Mas seu adversário é o melhor da América.
Mesmo que o time espanhol seja considerado favorito, e isso é inegável, tenho convicção plena que não será um jogo como foi contra o Al Jazira. Eles poderão vencer o Grêmio, pois nosso time não é imbatível. No entanto, não seremos vencidos por ausência de garra, de raça, de doação e de vontade de vencer. Nossos atletas são profissionais de alto nível, com o perfil de ganhadores, que não desistem jamais. Se o Real quiser vencer, vai ter que se esforçar muito para fazê-lo.
Eles, tecnicamente, até podem ser superiores, mas dentro do campo de jogo, há outros fatores que alteram comportamentos. Estamos todos imbuídos de passar aquela energia positiva para nossos representantes em Abu Dhabi, que, por sua vez, têm plena consciência de que representam quase 10 milhões de gaúchos e um país sofrido, que tem na alegria do futebol um oásis na seca que enfrentamos.
Estaremos todos ligadíssimos na televisão. Nossos atletas serão os nossos corações. Acreditamos num resultado positivo, na imortalidade deste tricolor, amado e respeitado. Dá-lhe, Grêmio.