Não pense em partida fácil

Sábado, me preparei, convenientemente, para assistir ao que seria o adversário gremista na mais importante partida deste ano depois do tri da Libertadores. Tinha sido convidado para um almoço festivo e fiquei com dois corações. Precisava prestigiar a festa de noivado da filha de um amigo, mas não podia deixar de assistir à partida entre o Pachuca e o time marroquino. Busquei uma solução intermediária e compareci aos dois eventos. No finalzinho do segundo tempo da prorrogação, os mexicanos venceram por 1 a 0. 

A partir disso, o Pachuca passou a ser o nosso adversário de amanhã, na semifinal. Todos os analistas que assistiram ao jogo passaram, de imediato, a dizer que o time mexicano era muito fraco, que o jogo foi muito ruim tecnicamente e que o Grêmio seria e é muito superior a qualquer um daqueles dois. Fiquei de camarote, ouvindo e assistindo. 

Aliás, dentro desse preparativo pessoal que fiz no sábado à tarde, haveria também um jogo entre Real Madrid e Sevilha. Estavam juntos na classificação da Liga Espanhola. E cansei de ouvir e ler que era um jogo muito difícil para o Real, porque estava em crise e era o pior Real da década. Como sou gremista, torcedor e, talvez, não tenha o conhecimento de futebol dos grandes analistas, passei de certa forma a acreditar que o Sevilha, diante dessa situação, poderia derrotar o Real Madrid. Quando estava 4 a 0 para o time madrilenho, imaginei estar vendo fantasmas, estar sonâmbulo, ser um extraterrestre e, no quinto gol, desisti. 

É muito difícil, penso eu, que algumas pessoas cuja experiência e vivência em futebol são sempre à distância do fato real, do dia a dia interno, expressarem aquilo que realmente acontece. Ou seja, não passam de meras opiniões distantes, que, por serem de boa fé, sem nenhuma dúvida, merecem ser respeitadas. Mas tenho convicção plena de que, do outro lado, a vida real é muito diferente. No entanto, apenas citei para ilustrar o exemplo do Real Madrid. O que única e exclusivamente nos interessa neste momento é o Pachuca. E quem acha que uma decisão como essa é um jogo fácil, jogado, esquece de circunstâncias anteriores em que os resultados foram surpreendentes exatamente pelo caráter de decisão da partida. 

Dificuldades de uma semifinal

Questões técnicas, muitas vezes, se equivalem em decisões. Claro que é possível todos nós fazermos uma avaliação técnica, física e tática de uma partida de futebol. Porém, mesmo com o desconhecimento de alguns, há outros componentes muito importantes a se inferir em um decisão. 

Portanto, a semifinal do Grêmio, pelo simples fato de ser uma semifinal e uma decisão, apresenta todas as dificuldades do mundo. O Grêmio terá de jogar o seu costumeiro bom futebol para, depois disso, a partir daí, começar a pensar no Real Madrid, se for o caso. Deixo toda essa manifestação, ressalvando que não pretendo conhecer e saber mais sobre futebol do que ninguém, mas tentando trazer um depoimento de convivência e experiência própria.