Paixão tricolor
José Augusto Barros: "Não à torcida única em Gre-Nais"
Se a medida prevalecer, será mais um indício da falência do Estado no combate aos arruaceiros
Respeito, e entendo os argumentos, bem plausíveis, do colega Pedro Ernesto Denardin, que "atirou" a toalha e defende a torcida única em Gre-Nais, depois das confusões do último clássico. No fim da tarde desta quinta-feira (15), um encontro na sede da Federação Gaúcha de Futebol discutiu a possibilidade.
Mas não concordo e não acho que tal iniciativa seja solução para diminuir a violência nos estádios gaúchos. Ouvi também a manifestação do comandante da Brigada Militar, coronel Andreis Dal'Lago, afirmando que a corporação não pode se mobilizar em torno de um só evento na cidade e deixar a Capital à mercê dos bandidos. Sem dúvida, não pode.
Mas, coronel, não podemos ignorar que qualquer evento público que mobilize mais de 50 mil pessoas merece atenção especial dos órgãos de segurança, não é? E, com toda a sua experiência e técnica, o senhor realmente acredita que, tendo torcida única no Gre-Nal, a violência terminará nos estádios gaúchos, da noite para o dia?
Já tivemos inúmeros casos de violência em jogos do Grêmio e do Inter em que suas torcidas, entre si, causaram brigas e arruaças. E não havia adversários por perto.
Beleza do clássico
Desde sempre, a beleza do clássico é feita de duas torcidas no estádio, da saudável rivalidade, sem exageros, obviamente. Caso a torcida única prevaleça, eu arrisco afirmar: seria (mais um) indício da falência total do Rio Grande do Sul como Estado.
Acredito firmemente que a Brigada Militar tem efetivo e capacidade para conter vândalos. Já a Polícia Civil tem toda a competência para indiciar envolvidos em confusões, e a Justiça, magistrados capazes de punir esses criminosos, algo que não deve ser tão complicado, tendo em vista a quantidade de câmeras existentes em um jogo de futebol.
A violência nas arquibancadas não é privilégio do Gre-Nal. O que deve ser feito, sim, é o monitoramento de bagunceiros, das organizadas, cadastramento da identificação biométrica e reconhecimento facial para evitar que pessoas proibidas de entrar nos estádios entrem nesses locais, além de reforço na segurança.
Caso contrário, se optarmos pela solução mais fácil, a da torcida única, o Estado perderá o controle para os arruaceiros e criminosos. Como já perdeu em outras áreas, aliás.