Fator determinante
Luciano Périco: por que o Grêmio deixa o título do Brasileirão ficar mais longe
Tricolor ficou no 0 a 0 com o Fortaleza no Castelão
O atual momento do Grêmio indica uma marca muito importante na temporada. Após o 0 a 0 no Castelão, na noite do sábado (9), o Tricolor chegou a uma invencibilidade de 14 partidas no Brasileirão. Não é pouca coisa, não. Entretanto, há o outro lado da estatística que é extremamente preocupante. A equipe de Renato Portaluppi chegou a 13 empates em 28 jogos na competição. Quem almeja ganhar um título importante não pode deixar tantos pontos pelo caminho.
Olhando toda a trajetória gremista desde de agosto, é possível verificar que, se pelo menos em algumas das partidas, o Grêmio tivesse conquistado os três pontos, a situação na ponta de cima da tabela poderia ser muito mais confortável.
Óbvio que não falo algo descabido, como vencer todos os rivais. Listo aqui apenas alguns adversários, que brigam apenas na ponta de baixo da classificação, em que resultados de igualdade não significam um bom negócio: Ceará, Vasco, Fortaleza, Atlético-GO, Goiás e Sport e Fortaleza — em duas oportunidades. Com certeza, empates com Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Inter e São Paulo, em casa ou fora, são algo perfeitamente normal. Empatar demais é mau negócio.
Uma coisa precisa ficar clara. O Tricolor não faturou o Fortaleza no Castelão somente porque acabou deixando alguns jogadores titulares em Porto Alegre. Na entrevista coletiva após a partida, demonstrando uma irritação descabida, Renato afirmou que não está preservando atletas.
Explicou que quem do grupo não esteve em campo — Paulo Victor, Kannemanm, Diogo Barbosa, Jean Pyerre e Diego Souza — só ficou fora de combate porque realmente não tinha condições de atuar. O treinador quer riscar do dicionário gremista o verbo "preservar", afirmando que não faz mais isso de forma deliberada.
Mas há uma questão básica. No geral, não foi uma boa atuação. Os atletas escalados poderiam ter dado uma resposta melhor. Lucas Silva e Matheus Henrique não deram dinâmica ao meio-campo na transição. Burocráticos.
Apesar da vontade, a articulação não foi bem exercida por Pinares. Muito discreto, Alisson pouco produziu ofensivamente. Já Diego Churín perdeu pelo menos duas chances de marcar. Vale ressaltar que Pepê foi o jogador mais perigoso, inclusive marcando um belo gol anulado pelo VAR.
Por fim, uma crítica que se pode fazer é que Renato demorou demais para colocar Ferreira, que poderia dar mais força ofensiva. O resultado contra um Fortaleza, cheio de problemas, deixa o título do Brasileirão mais longe do horizonte gremista. Principalmente por não aproveitar as derrotas de São Paulo e Flamengo.