Dorival x Fabrício
Ex-técnicos e dirigentes falam sobre possível punição de Fabrício
O Diário Gaúcho ouviu a opinião de algumas pessoas do mundo da bola
O pulso firme de Dorival Júnior para a indisciplina é difícil de amolecer. A direção descarta punir Fabrício pela reação intempestiva à cobrança do chefe pelo erro no terceiro gol do Flamengo. Mas ao final do jogo, o técnico deixou clara sua posição, de que uma medida dura deveria ser tomada.
Dorival já provou intolerância à insubordinação. Tinga e Dagoberto foram para a reserva por atraso em treino. Sandro Silva ficou na geladeira por reclamar chance no time. Isso sem falar quando Dorival esteve no Santos e tirou Neymar do time por indisciplina, o que acabou custando seu emprego.
Mas afinal, está certo todo esse rigor? O Diário Gaúcho ouviu a opinião de algumas pessoas do mundo da bola. Confira a seguir.
Fala, Batista
"Acho que um alerta é bom, porque o grupo vê esse arroubo do jogador e não pode achar que é natural. A cobrança do treinador é que é normal, ele está ali para isso.
O próprio calor do jogo leva a esse tipo de reação, mas acho que o Fabrício é muito jovem para ter essa atitude, que acontece com os mais velhos ou consagrados. É preciso controle.
Acho que vale um papo no vestiário. Se for a primeira vez do Fabrício, não é caso de punição, pode ser conversado. Uma atitude mais forte, perante os outros jogadores, é importante para que não vire bagunça. Treinador está lá para corrigir, e jogador, para obedecer.
Dorival está certo em ser disciplinador. Disciplina é fundamental. Se deixa passar, contamina o grupo. Mas também acho que jogador precisa ter iniciativa de fazer o diferente."
Batista, comentarista da RBS TV, ex-técnico e ex-jogador
A voz de Mário Sérgio
"Vejo futebol como empresa. Se você discutir e questionar decisão da chefia, é demitido.
A imprensa tem parcela de culpa. Muitas vezes endeusa um cara, e ele se julga acima do bem e do mal. Se levar em conta a origem dos jogadores, geralmente humildes, não acostumados com estrelato, quem pode trazê-los à realidade é a diretoria.
Normas devem ser cumpridas. Tem que colocar os jogadores no lugar deles. O que faz a diferença é a postura de homem. Talento é importante, desde que esteja a serviço do grupo. Se comportou mal, está fora. Não pode ficar refém do cara.
Esse Fabrício veio da Portuguesa, está em um dos maiores clubes do mundo. Tem que baixar a bola. E a direção tem que respaldar o técnico. Não pode passar a cabeça no mau exemplo."
Mário Sérgio, ex-jogador, ex-comentarista e técnico de futebol
Opinião de Príncipe
"Acho que deve haver respeito mútuo. O treinador na hora ficou surpreso com a atitude do jogador, mas ele está naquela hora de defender a camiseta, de cabeça quente. Isso é automático, acontece no futebol. Mostra a vontade de vencer. Fabrício teve esse deslize, é preciso conversar e partir para outra. Futebol é assim mesmo, não pode ser só carinho, gente boazinha. Acontece de gesto mais grosseiro.
Os nervos estavam à flor da pele. Não é momento para colocar fogo na fogueira. Atleta quando está perdendo fica com a cabeça quente.
Fabrício é um menino, estava em jogo importante, levando 3 a 1 do Flamengo e com com o pensamento na partida. Tanto que fez o gol. Treinador tem que entender."
Jair Prates, o Príncipe Jajá, ex-jogador do Inter
O relato de quem viu a discussão no campo Por José Alberto Andrade, repórter da Rádio Gaúcha
Depois do gol de Vagner Love, Muriel se levantava após ver a bola na rede, Moledo lamentava o drible sofrido e a queda, pondo-se de pé para o reinício.
Isso tudo perto da goleira. No centro do gramado, havia uma discussão de um personagem só: Fabrício. Ele gesticulava forte, levantava os braços, o dedo em riste, falava alto e se dirigia com indignação a alguém na lateral direita. Parecia ser com Nei, que o olhava, mas não esboçava reação.
Dorival Júnior, fora do campo e próximo ao lateral-direito, também só assistia. Fabrício deu alguns passos, como quem ia até o outro lado tirar mais satisfações. Vieram outros para detê-lo. Gilberto chegou por ali, e Dátolo, com energia, pediu calma ao time.
Os ânimos serenaram. Fabrício fez um golaço e saiu de cara amarrada. Ao final, admitiu que a bronca era com o técnico. Reconheceu excesso, disse que era "coisa de jogo" e saiu. Sem sorrir.
Dia do Inter
- Retornos - Depois de dois dias de folga, os jogadores se reapresentam hoje no Beira-Rio. D'Alessandro e Sandro Silva devem ser liberados pelos médicos para treinar com o grupo e devem voltar contra o São Paulo, dia 6.
- Reintegrado - Jajá voltará a treinar com o grupo hoje, após cumprir punição por abandonar a delegação no Rio de Janeiro depois do jogo com o Fluminense e ir para balada com o centroavante Jô, repassado ao Atlético-MG.