Futebol operário
Jogadores treinam com o barulho das obras no Beira-Rio
O Inter se esforça para que a rotina dos atletas não sofra grandes alterações
Obra sem barulho e pó não existe. Agora imaginem quando se trata de um estádio de futebol. Essa é a realidade do Beira-Rio há 87 dias, desde que os operários da construtora Andrade Gutierrez começaram a reforma. Apesar dos percalços naturais de toda obra, o Inter se esforça para que a rotina dos jogadores não sofra grandes alterações. Imprevistos, porém, são inevitáveis. Confira alguns a seguir.
Susto em Damião
Para jogadores e funcionários do Inter, lavar o carro não vem sendo bom negócio. A poeira é tão grande no Beira-Rio que nenhum carro fica limpo. Mas isso é o de menos. Quem mais sofre com a nuvem constante de sujeira são as pessoas que têm rinite (irritação ou inflamação da mucosa nasal). É comum ver os jogadores saindo do gramado com camisa ou agasalho cobrindo o nariz.
Quarta-feira, quando o grupo treinava no gramado principal e os operários faziam estaqueamento das novas sociais, uma nuvem de poeira assustou Damião:
- Pensei que estava pegando fogo em algo, mas era poeira da máquina que estava trabalhando.
ENTREVISTA ÀS ESCURAS COM DALE
Entrevista de D'Alessandro é quase um evento no Beira-Rio. Afinal não é todo o dia em que ele aceita falar. Pois não é que quando o argentino resolveu dar entrevista, na véspera do jogo contra o São Paulo, faltou luz na sala de conferências. Técnicos, engenheiros e funcionários tentaram resolver o problema, sem sucesso.
A solução era fazer na antessala, mas com o cair do sol o local virou um breu. A saída foi improvisar a coletiva na porta do vestiário, onde havia luz.
Dorival, marreta e furadeira
Desde que os alojamentos das categorias de base, situados acima do vestiário, foram demolidos, o barulho próximo à sala de entrevistas se intensificou.
Não foram raras as vezes em que jogadores e o próprio técnico Dorival Júnior desconcentraram-se nas respostas devido ao som de furadeira, martelo e marreta. Em uma de suas coletivas, o técnico chegou a solicitar ao assessor de imprensa que pedisse uma trégua no barulho para seguir a entrevista. Pedido atendido, Dorival retomou o raciocínio e admitiu, fora dos microfones, a dificuldade no dia a dia de treinos:
- Com o barulho das estacas, às vezes você quer gritar para passar as instruções aos jogadores e não adianta. Mas faz parte, não tem outro jeito.
Quando o quebra-quebra chegou perto do vestiário, em uma tarde em que os jogadores trabalhavam na musculação, a direção interveio e pediu para que o trabalho de demolição seguisse em outro turno.
- Não é nada que atrapalhe muito. Só a poeirada mesmo - minimizou o zagueiro Rodrigo Moledo.
O novo endereço
A previsão é de que em julho os jogadores passem a treinar no Parque Gigante, no outro lado da Avenida Beira-Rio. As obras estão em fase final. Haverá novo vestiário, sala de musculação, sala de reuniões e de imprensa e dois campos de dimensões oficiais à beira do Guaíba
Só há um problema: o ar gelado que sopra por ali no inverno. Em compensação, o visual com pôr do sol será de encher os olhos. Toda envidraçada, a nova sala de musculação, quatro vezes maior do que a atual, fica de frente para o Guaíba. Assim como as salas de reuniões da comissão técnica e da fisioterapia. A mudança para o Parque Gigante também propiciará a utilização mais frequente da piscina térmica, vizinha ao novo vestiário, pouco visitada pelo time.
Dia do Inter
- Moledo fora - O zagueiro, com lesão na coxa esquerda, está fora contra o Botafogo, amanhã, às 18h30min, no Beira-Rio. Dalton será o substituto, já que Bolívar também está vetado por dores no quadril. Kleber, embora recuperado, também ficará de fora do jogo.
- Ratinho - O lateral-direito foi apresentado ontem e assinou até o final do ano. O jogador de 26 anos, cedido pelo Mogi Mirim, se definiu: "Sou veloz, tenho habilidade e facilidade para chegar ao ataque. Sou lateral de ofício e não tenho opção por esquema". Está bom?