Persistência é a palavra mais adequada para definir Wellington Paulista. É por causa dela que o centroavante será titular contra o Caxias, às 22h de hoje. Passam pelos seus pés no Estádio do Vale o caminho até a final do Gauchão. É jogo de mata, um empate provoca os pênaltis.

Com cinco gols em 2014, o jogador de 30 anos ocupa a vaga de Rafael Moura, com lesão no joelho direito. Mesmo reserva, WP9 é da confiança de Abel Braga. No 1 a 0 sobre o Brasil-Pel, no Beira-Rio, Abelão o colocou a dez minutos do fim:

- O Abel virou para mim e disse: "Entra lá e me ajuda. Faz um gol para a gente" - lembra o centroavante, que, obediente, fez o gol três minutos depois.

Wellington busca seu espaço no Inter. Mas sem ansiedade, como ficou nítido nos 30 minutos de conversa com o DG ontem, no CT Parque Gigante.

WP9 aprendeu com a vida que a persistência é aliada. Só por causa dela virou jogador. Adolescente, queria trocar as quadras de futsal pelo campo. Foi reprovado 15 vezes em peneiras.

Aos 17 anos, desistiu. Empregou-se com um amigo em um escritório de cobrança. Sua função era resgatar valores de cheques sem fundos. Durou três dias no cargo. Tempo para um devedor de R$ 7 afugentá-lo da porta de casa atirando um cinzeiro.

- Você não tem vergonha de cobrar R$ 7? - reagiu, furioso.

WP9 rebateu de primeira:

- E você? Não tem vergonha de dever R$ 7?

A experiência estimulou-o a persistir no futebol. Logo, foi aprovado em teste no Juventus-SP.

GOL NO BARCELONA DE MESSI E R10

Depois de surgir no Juventus-SP, Wellington Paulista rodou por Mirassol-SP, Paraná, Santos, Alavés-Esp, Botafogo, Cruzeiro, Palmeiras, West Ham-Ing e Criciúma até chegar ao Beira-Rio.

No Alavés, o centroavante incluiu no currículo um golaço sobre o Barcelona, de Ronaldinho, Messi e Deco em pleno Camp Nou.

- Foi em 2007. Era o meu primeiro jogo fora do Brasil. No estádio, estavam 95 mil pessoas. Tenho certeza de que me emocionei mais do que todos eles - sorri WP9, que esperou a saída do goleiro e, pela esquerda, chutou direto para o gol na derrota do Alavés por 3 a 2.

A pedido de Abelão, Wellington sacrificou seu estilo de jogar. Apesar de jurar não ter preferência, gosta de cair pelos lados, sair da área. No Inter, a ordem é esperar na área.

- Peço movimentação porque comecei como meia. O Abel pede que fique dentro da área, é a característica do time.

Com a orientação do chefe, são cinco gols em 2014. Outro hoje, ainda mais se for decisivo, aumenta a sombra sobre Rafael Moura.

- É complicado. Respeito o Abel e o Rafael. Temos disputa saudável - garante WP9.