Paixão Colorada
Kenny Braga: racismo é coisa dos idiotas de sempre
Leia a íntegra da coluna do Kenny Braga no Diário Gaúcho

Em matéria de racismo, praga que ainda viceja nos estádios de futebol do país, estimulada por gritos dos idiotas de sempre, não somos precursores nem inventores. É preciso, no entanto, que se conheça um pouco da história do futebol brasileiro para sabermos que temos muita culpa em cartório.
Embora o povo brasileiro seja constituído por várias etnias e o Brasil tenha uma dívida impagável com os negros na construção da sua história, até 1925 nossos clubes de futebol só admitiam a contratação de brancos. Foi o Vasco da Gama que teve, naquele ano, a a coragem de iniciar a luta contra o racismo, contratando negros. E foi o grande escritor Lima Barreto que, um pouco antes, colocou seu talento na linha de frente da luta contra o racismo nos clubes de futebol.
Cuidado com os jovens
No momento em que os gaúchos, em sua maioria, lamentam e condenam as agressões morais sofridas pelo árbitro Márcio Chagas da Silva, em Bento Gonçalves, precisamos discutir o tema do racismo, principalmente no âmbito das escolas. A juventude brasileira deve compreender que o racismo é uma prática abominável e valorizar pessoas que, no passado, tiveram coragem para combatê-lo.
Não precisamos criar, como fez o grande Lima Barreto, uma Liga Brasileira Contra o Futebol que já foi, no início do século passado, um esporte das elites. Nos estádios, mas também fora dos seus limites, onde o racismo é uma praga cotidiana, resistente e persistente na sua estupidez esférica.