Quem já ultrapassou a barreira dos 60 anos, já viu muita coisa, com alegria ou tristeza. É o meu caso e de outras pessoas da minha geração que, ao longo dos anos, testemunharam fatos importantes da vida brasileira, com a emoção prazerosa dos bons momentos e o desânimo das horas sombrias. No caso específico do futebol, centrado na minha paixão pelo Sport Club Internacional, não tenho nenhuma razão para queixas. Na comparação das colunas do dever e do haver, sou proprietário feliz de lucro compensador, desde que comecei a ver jogos do meu time, ainda nos anos 60,
entre o ocaso do Estádio dos Eucaliptos e a inaguração do velho Beira-Rio, em abril de 1969.

No Beira-Rio, o futebol do Inter se projetou além das fronteiras gaúchas, primeiro, e, depois, muito além das fronteiras do Brasil, em razão de conquistas inesquecíveis. Assistindo a jogos nas arquibancadas ou numa cabine de imprensa do estádio, vi o Inter ser octacampeão gaúcho, conquistar três vezes o título brasileiro e uma Copa do Brasil, com times fabulosos. Os troféus das décadas de 70, 80 e 90 enriqueceram ainda mais a coleção do Beira-Rio.

Neste início de um novo século, tenho me sentido mais à vontade por ter visto meu time se tornar Campeão de Tudo, em memoráveis conquistas internacionais, principalmente duas Libertadores da América e o Mundial de Clubes, em 2006. Título mundial de clubes valorizado pelo selo da Fifa e em cima do grande Barcelona.O Inter jogou com a naturalidade mostrada em grandes confrontos do Beira-Rio, graças a um timaço de ídolos comandados por Abel Braga. Eu estava lá e me senti tão feliz como o guri da Vila Júlio de Castilhos, em Santana do Livramento, quando ganhou de presente sua primeira bicicleta. Felicidade é um sentimento presente nos corações dos colorados, que se orgulham do seu clube. E não é para menos. O Inter é realmente o orgulho do Brasil, como se diz no hino Celeiro de Ases.

Quando se invoca a rivalidade regional, aí não tem graça. Temos larga vantagem nas vitórias em Gre-Nais, e o nosso artilheiro sublime do clássico, Alberto Zolim Filho, o Carlitos, estufou mais de 40 vezes as redes do nosso tradicional adversário. Não precisa dizer mais. Até porque nossa vida colorada está recomeçando neste final de semana com a inauguração do novo Beira-Rio, encanto para os olhos, modelo de criatividade arquitetônica. Vem muita coisa boa por aí, para que nossa bandeira vermelha e branca continue tremulando inalcansavelmente alta.