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Festa Gigante

Gelson Pires, o dirigente do Inter que vê o Beira-Rio da sacada

Secretário-geral do clube mantém o cuidado com o estádio de casa

05/04/2014 - 10h03min

Atualizada em: 05/04/2014 - 10h03min


Gelson Tadeu Pires na sacada do apartamento onde mora e de onde observa o novo estádio Beira-Rio

Parece que foi ontem que Gelson Tadeu Pires viu o Beira-Rio tomar forma. Quem diria que aquele aterro viraria um gigante?

- Não acreditava - conta  o secretário-geral do Inter.

Mas era preciso sonhar junto. O rival mandava naquela década de 60. O Inter ganhou o terreno, pouco aterrado. Era preciso trabalhar, e muito.

- Quando precisávamos de tijolos, roubávamos das obras do Menino Deus (em construção). Era um trabalho de formiguinha - conta Gelson, aos risos.

Ganhava mais corpo, assim, a relação do "clube do povo" com sua torcida. Gelson recosta-se na cadeira vermelha com o escudo do Inter - exclusiva nos gabinetes do clube - e volta no tempo. Lembra-se do minuto 24 de Inter 2x1 Benfica, em 6/4/1969.

Descreve o cruzamento de Gilson Porto que Claudiomiro aparou para a rede, inaugurando de fato o Gigante da Beira-Rio.

- A gente só chorava. Tinha quem dissesse que poderia morrer naquele instante. A nossa realidade era fazer solenidade até para inaugurar chuveiro elétrico.

Quem conhece Gelson não hesita em apontá-lo como o mais fanático dos colorados. Um exemplo: jamais cita o nome do tradicional rival. Trata-os como "eles". Já cruzou oceanos para ver o Inter. Chorou derrotas e chamou atendimento médico em estádio. Foi em 2004, em Barranquilla. O coração disparou ao ver o Inter voltar ao cenário internacional após 13 anos.

Gelson começou como cobrador de títulos patrimoniais do clube, em Camaquã, e chegou a vice-presidente. Não bastou. Comprou apartamento cuja vista da sacada é o Beira-Rio. Uniu a paixão à necessidade familiar ao adotar o endereço. Primeiro alugou, depois, comprou:

- Foi Deus. Tinha uma apólice de seguro no banco, que deixaria para a família bem depois que morresse. Mas tive um câncer em 2001 e recebi em vida, a três meses do prazo para deixar o apartamento. Assim, pude comprá-lo.

Vizinho do estádio, virou espécie de síndico dele. 

- Me sentia parte integrante do Beira-Rio. Se via uma luz acesa, ligava para o segurança. Peguei muitos vazamentos de água no estádio olhando daqui.

Antes da obra, os colorados da social identificavam fácil qual era o apartamento de Gelson: um escudo do Inter estava gravado no toldo. A reforma tirou a vista que chegava até a casamata. Mas isso pouco importa. A nova casa vermelha compensa.


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