Paixão colorada
Zé Victor Castiel: "D'Alessandro não é razão. É emoção. Que continue assim"
O mesmo D'Alessandro que se irrita com as vaias é o que inflama o Beira-Rio com sua atitude
D'Alessandro não é um jogador comum. Mais inteligente do que a média, tem um temperamento peculiar. Já mudou muito. Quando chegou, caía fácil nas provocações dos adversários. Foi aprendendo as manhas do futebol brasileiro. Tecnicamente, é diferenciado. Exerce uma liderança positiva no grupo, pelo exemplo. Aplicado nos treinos, altamente profissional. É um desses craques que só surge raramente. E, por isso, deve ser reverenciado e cuidado. Ganhou títulos, comandou reações, levantou a torcida na hora certa.
O mesmo D'Alessandro que se irrita com as vaias é o que inflama o Beira-Rio com sua atitude. Tomara que ele não mude. Querer exagerar nas críticas pelo que aconteceu no último jogo no Beira-Rio só tem duas explicações: ou os críticos não gostam do Inter ou não entendem como D'Ale funciona. Ele ferve, se emociona, transborda. Quase sempre para o bem, mas, raramente, pode até exagerar um pouco. Azar. Está no pacote.
O futebol está cheio de jogadores sem sal e sem açúcar, que só pensam em renovar contratos ou serem vendidos para algum lugar bem longe daqui. Só quem ama se emociona. Só quem ama se incomoda. O discurso racional depois de uma derrota pode apenas encobrir a indiferença.
Espécie em extinção
D'Alessandro é um exemplar único de uma espécie em extinção: a dos jogadores que torcem com a torcida, que se enfurecem nas derrotas, que se arrepiam ao vestir a camiseta do seu clube. D'Alessandro não é razão. É emoção. Que ele continue assim.
E quando o sangue ferver, que tudo transborde mesmo. A indignação era tudo o que Inter precisava para não estar onde foi parar. E é com ela que voltará ao seu lugar de direito.