Revelação
Luciano Périco: o acerto de Coudet que todos demoraram a ver no Inter
Treinador improvisa e mantém a qualidade do desempenho de um setor da equipe
Nunca subestime um técnico de futebol. Mais cedo ou mais tarde, ele pode te surpreender. Alguns são teimosos. Insistem com jogadores que não dão resposta. É um defeito comum compartilhado em larga escala. Não é predicado de apenas uma nacionalidade. Entretanto, a grande maioria é perfeccionista e trabalhadora. Montam times, treinando à exaustão.
Errar e acertar faz parte do processo. Ter a cabeça do treinador em uma bandeja após resultados negativos é uma constante no imediatista futebol brasileiro. Além de tudo isso, técnicos de futebol descobrem aptidões. O lateral que pode dar boa contribuição no meio-campo. O atacante de lado que pode fazer a função do homem de área. Ou há o volante que cai como uma luva na zaga.
Chegando a esse ponto, encontramos a história de Eduardo Coudet e Zé Gabriel. O menino vindo de Carmópolis, interior do Sergipe, que já jogou com a camisa 10, flertou com a função de atacante e pretendia seguir como volante, foi colocado por Coudet na zaga. Confesso meu ceticismo inicial, pensando ser melhor a titularidade de Moledo, após a saída de Bruno Fuchs. Pois Zé Gabriel tomou posse da função ao lado de Cuesta e tem feito atuações seguras. Contra o Atlético-MG, salvou uma bola que iria cruzar a linha da meta de Lomba.
O guri vai se afirmando, com as bençãos do treinador argentino. É dessa forma que se faz um time. Descobrindo funções e adaptando no decorrer da caminhada. Tudo está indicando que Zé Gabriel não perde o lugar entre os onze, mesmo que o Colorado tenha buscado Lucas Ribeiro, que estava no Hoffenhein, da Alemanha.
Zé Gabriel tem boa estatura (1m84cm) para atuar como defensor, conta com a tranquilidade, apesar da juventude, e boa saída de bola — função que mais seduz o técnico do Inter em um jogador defensivo. E forma boa parceira com Cuesta. O campo tem mostrado que eu estava errado. Os próximos jogos podem confirmar ou não a titularidade inquestionável de Zé Gabriel no time. Se der certo, ponto para Coudet.