Aposta gigante
Luciano Périco: a grande ousadia do Inter que merece elogios
Miguel Ángel Ramírez será apresentado na sexta-feira (5)
O projeto da gestão de Alessandro Barcellos é ousado. Aposta em um treinador estrangeiro e com o ímpeto característico dos jovens que querem construir uma carreira no mundo da bola. Por tudo o que se fala, Miguel Ángel Ramírez chega ao Inter com conceitos interessantes de futebol. Por exemplo, o espanhol gosta de volante que tenha aptidão para sair de trás com qualidade e atacantes de velocidade pelos lados. Trabalha com o jogo de posição. Com certeza, vai causar estranhamento. Mas isso não é um problema. Faz parte.
Guardando as devidas proporções com os nomes que podem exemplificar as ideias, pode se dizer que são novos conceitos revisitando ideias do passado. Lá nos anos 1970, Falcão era um volante perfeito. Craque completo. Claro que o problema será achar alguém com a mesma qualidade. Já o maior de todos os ponteiros da história colorada foi Valdomiro, que passava por cima dos marcadores. Hoje em dia, para romper as linhas adversárias, é necessário jogadores que partam para o drible.
O fato principal é que tudo o que falamos até agora sobre o novo treinador colorado está no campo da projeção. Ramírez ainda não falou como pretende montar o time do Inter. Como fazer análises antes mesmo de ver algo palpável? Além dele se pronunciar pela primeira vez na próxima sexta-feira (05), será preciso dar tempo para ver o trabalho de campo em uma sequência mínima de partidas. Paciência é a palavra de ordem no início de trabalho no Beira-Rio. Da torcida e da imprensa. Não podemos ser refratários a boas ideias. Ou analisar um trabalho que está começando com um conceito já estabelecido.
Novas formas de pensar precisam de tempo para serem implementadas. A história nos mostra que o mal do futebol brasileiro é o imediatismo. Um treinador vindo de outro país precisa um tempo de adaptação.
Além disso, terá que conhecer os atletas. E mais um detalhe fundamental: o grupo do Inter pode ter alterações, com jogadores saindo e outros chegando. A utilização dos guris da base é mais do que uma convicção.
É uma necessidade pela carência de recursos para fazer grandes contratações. Óbvio que não será do dia para a noite que Ramírez vai conseguir mostrar trabalho. Eu sei que a pressão por resultados no futebol é implacável. Não seria a hora de mudar esse pensamento?