Paixão colorada
Francisco Luz: Nilmar, um dos símbolos dos melhores anos que vivemos com o Inter
Ídolo, craque, decisivo, Nilmaravilha fez sua primeira partida pelo clube há 19 anos


É uma lembrança com 48 horas de atraso, pelo que peço desculpas. Mas ainda muito válida, mérito do sempre excelente Memória Colorada no Twitter: há 19 anos (e dois dias), Nilmar vestiu a camisa colorada pela primeira vez como profissional. Era o símbolo e a confirmação de que as coisas, enfim, mudariam para melhor para o Inter.
Pouco mais de três meses antes, Librelato e Fernando Baiano nos livraram do rebaixamento nos últimos suspiros contra o Paysandu. Em fevereiro, depois de quase quatro anos, voltamos a vencer um Gre-Nal. De virada. E no Olímpico. O grupo que Muricy Ramalho tinha às mãos era fraco, no geral, mas com nomes de muita qualidade, como Daniel Carvalho, que logo saiu, ou que ficaram tempo suficiente aqui para entrar na história, como Clemer.
Além de Daniel, o grande nome da base era o gêmeo Diego. Nilmar estreou já como titular contra o Juventude, no Beira-Rio, um daqueles empates em 3 a 3 depois de abrir 3 a 0 no primeiro tempo a que estávamos acostumados. Vi esse jogo pela TV e, mais curioso do que o nome daquele atacante com cara de playboyzinho, só a camisa com listras horizontais que vestíamos de quando em quando em 2003.
Nilmar não fez gol, mas mostrou de cara que tinha talento e consciência de jogo. Era diferente dos tantos outros guris que surgiam como esperança a cada três meses. Logo virou titular, no lugar do baladeiro e saudoso André, e foi essencial na campanha daquele Brasileirão que pareceu tão promissora por tanto tempo. Em 2004, decidiu o Gre-Nal de inauguração da Montanha dos Vinhedos com sua marca registrada: velocidade absurda e conclusão certeira. Pouco depois, foi vendido ao Lyon.
A importância do contexto
Esse cartaz inicial pode parecer pouco, mas os significados foram profundos. Nilmar saiu, veio Fernandão. O Inter passou a buscar os jogadores de que precisava, em vez de atirar tudo em algum figurão. Algo que foi aproveitado pelo próprio Nilmar nos anos seguintes, quando se consagrou de vez entre 2007 e 2009 e em 2015. Aquele Inter do primeiro semestre de 2009 é o time da minha vida, o Inter que sempre deveríamos ser. Só foi assim porque, anos antes, revelou Nilmar. Obrigado por tudo. Nós estivemos ali para ver teus gols.