Caso Edenilson
Lelê Bortholacci: o futebol, infelizmente, ficou em segundo plano
Um episódio lamentável transformou uma partida num caso de polícia
São tempos sombrios. O grande jogo de sábado a noite estava completamente indefinido. Depois de protagonizar os melhores 45 minutos da temporada e fazer dois gols na - até então - melhor defesa do campeonato, o Internacional sofreu o empate pela segunda vez e lutava pela vitória até que um episódio lamentável transformou uma partida de futebol num caso de polícia.
As cenas são muito fortes. Edenilson abandona a disputa esportiva - eu nunca tinha visto ele fazer algo, sequer, parecido - e se dirige a maior autoridade do campo de jogo denunciando a injúria racial. O fraco árbitro - que ja havia cometido erros que influenciaram diretamente no placar - contemporiza.
Outros jogadores negros do Internacional também se revoltam. O treinador corintiano imediatamente tira o acusado de campo. Tudo ao vivo, para o Brasil inteiro ver. O “protocolo” foi cumprido e o tempo restante jogado. Mas a disputa esportiva já não fazia mais nenhum sentido.
Poucas coisas podem acontecer dentro de um estádio de futebol que deixem o esporte em segundo plano. Um crime é uma delas. As consequências após o apito final deixam bem claro o que aconteceu.
Policia, depoimentos, detenção e liberação mediante pagamento de fiança, definitivamente, não fazem parte do contexto de um “mal entendido”. Quem viu o jogo presenciou um crime de injúria racial e teve uma ótima oportunidade para aprender que não se deve duvidar das vítimas e, sim, ouvi-las e acudi-las. E ponto final.