Paixão Colorada
Luís Felipe dos Santos: o número curioso que mostra uma oportunidade para o Inter
Clube tem 24,3 mil sócias, o que representa 22,83% do quadro total
Eu fui ao Beira-Rio pela primeira vez em 1991. Nesses 32 anos, posso dizer que nunca vi tantas mulheres no estádio como agora.
Antigamente, o preconceito era imenso. Se a mulher era um pouco mais nova, vestia roupas largas para não "chamar atenção" e era xingada pelo bando de machistas idiotas do qual eu, infelizmente, fazia parte. Um comportamento de manada extremamente danoso à igualdade de gênero.
O portal da transparência do Inter mostra que 22,83% do quadro social do clube é composto por mulheres — são 24.353, segundo os últimos dados disponíveis, divulgados em 31 de maio.
Historicamente, o clube é pioneiro neste aspecto: Maria von Ockel é a primeira sócia reconhecida de um time de futebol brasileiro, com registro lavrado em 2 de abril de 1918. Temos uma torcida organizada chamada Força Feminina Colorada, que é referência de apoio e de festa no Beira-Rio.
Mas fica a dúvida: o que o clube está fazendo para valorizar as suas sócias, para além de camisetas especiais e campanhas como o "Aposta Nelas"? Como o Inter pode se diferenciar de todos os outros clubes na questão da igualdade de gênero?
Exemplo
A demanda existe, como mostram os números. No ano passado, o Inter bateu um recorde de público do futebol feminino no Rio Grande do Sul, com a partida contra o Corinthians. A imensidão de mulheres comparecendo ao Beira-Rio e apoiando o clube pela primeira vez foi aproveitada, de alguma forma? Quantas delas se tornaram sócias? Quantas foram incentivadas para seguir apoiando o clube?
São questões que precisam ser sempre levantadas. Há muito tempo o futebol deixou de ser um "clube do bolinha", e os tristes tempos em que xingamentos machistas eram maioria precisam ficar no passado. Valorizar as mulheres é o caminho para o Inter seguir, cada vez mais, do povo.