Paixão colorada
Luís Felipe dos Santos: a palavra que ofende o colorado escaldado
Reuni um retranquista, um otimista e o Delirante para o meu Bate-Bola particular
Como vocês sabem, o Bate-Bola estreou no YouTube de GZH no domingo (23) à noite. No domingo à tarde, eu fiz um bate-bola diferente: reuni o Ernesto, pessimista e retranquista; o Teté, otimista e ofensivista, e o Delirante, que é delirante. Tínhamos alguns litrões, uma mesa de plástico, umas cadeiras e o sonho de chegar a um consenso sobre a situação do Internacional.
De cara já fui corneteado pelo Ernesto.
— E esse teu treinador, hein? Nem o Roth botava tanto zagueiro — disse, mascando um palito de dentes.
Eu fingi que não era comigo, mas o Teté não deixou passar.
— Olha quantas finalizações nós demos! Chutamos mais que eles!
— Ué, desde quando tu te agarras na estatística? — provocou Ernesto.
— Desde que tu usavas para defender o Mano — disparou Teté.
— Não fala do Mano. Ele sempre soube jogar Gre-Nal.
— Mas o Coudet ganhou três! O que mais tu queres?
E assim foram, aos gritos. Ilustravam o ambiente um cheiro de fritura agarrada na mobília, a TV no Fla-Flu em um volume pouco saudável e o Delirante, estranhamente calado.
Intrigado, perguntei a ele o motivo do silêncio.
— Che. Vou te contar um segredo.
— Diz aí.
Ele se abaixou e falou no meu ouvido.
— Tô otimista.
— AH NÃO.
Essa palavra ofende Ernesto.
— Otimismo não dá! Tu és colorado. Não pode ser otimista. O próximo jogo é contra quem?
Claro que o Delirante não sabia.
— OLHA AÍ, Ó. Adversário direto. Time embalado. O resultado a gente já sabe.
— Para com isso, Ernesto — interrompeu Teté — Tu viste o time ser campeão do mundo, de tudo...eu vivi os anos noventa. Eu sim sei o que é sofrer.
A competição pela tese virou uma disputa de feridas abertas. O coloradismo é uma loucura.