Andarilhos do Gauchão
De um extremo ao outro
Léo Franco sai do Amapá para mostrar seu futebol pelo Lajeadense

Da ponta Norte do Brasil, no Amapá, Léo Franco sentiu na pele do calor da região, onde fazia, fácil, 35ºC na sombra. Os treinos eram só de jalecos e com os meiões arriados. Agora, tenta conhecer o estilo gaúcho de jogar futebol, mas garante, a bola é redonda em qualquer lugar em que for trabalhar.
O homem que veio do calor de Macapá
Léo Franco atravessou o Brasil para jogar o Gauchão no meio-campo do Lajeadense. Até o final de 2013, estava em ação pelo Santos, do Amapá. Foi correr atrás do sucesso na longínqua Macapá pela Série D. Mesmo acostumado com o futebol do Norte e Nordeste, por ter atuado por Remo e Sampaio Correia, se impressionou com o outro Brasil que encontrou.
Macapá é uma das menores capitais do Brasil. Tem 407 mil habitantes. Para sair de lá e chegar a outros Estados, a barca e o avião são as melhores alternativas. A cidade ainda carece de atrativos. O shopping center, por exemplo, é a diversão preferida dos jogadores, mas o de lá, conta Léo, era modesto. Mas esse era o menor dos problemas. Nos dois meses que ficou por lá, o que mais impressionava era o calor.
- Rapaz, é quente demais, é absurdo. Fora do normal mesmo - conta.
Os treinos, às 16h, serviam como teste de resistência. A camiseta era dispensada. Os jogadores usavam apenas o colete. Os meiões eram arriados, para amenizar o calor. À sombra, a temperatura passava fácil dos 35ºC.
Léo Franco é o típico andarilho do futebol. Mineiro de Ituiutaba, surgiu no São José paulista. Jogou ainda no Cuiabá, Remo, Sampaio Correia e Barretos/SP. Teve passagem rápida pelo Toledo/PR, sua única referência no Sul até chegar ao Lajeadense.
O meia vem de um Brasil tão distante que até agora o clube gaúcho tenta pagar a taxa à Federação do Amapá para regularizá-lo. O problema é que ninguém atende ao telefone na sede, mesmo com dinheiro a receber. Na semana passada, depois de um trabalho de investigador, o gerente de futebol do Lajeadense, Luís Fernando Hannecker, conseguiu o celular do presidente da federação.
Léo Franco confirma a precariedade do futebol local. São oito times na única divisão, seis deles de Macapá. O meia conta que a estrutura do Santos até surpreendeu.
O clube oferece boas condições de trabalho em um CT e começa a formar jogadores nas categorias de base - os guris levaram 7 a 0 do Flamengo na Copa São Paulo na quarta-feira. Mas ainda engatinha no profissionalismo. Inspirado no Santos de Pelé, com escudo idêntico, o clube é chamado de Peixe da Amazônia.
Com contrato até o final do Gauchão, o meia ainda se acostuma com a mudança. Trocou o extremo Norte, de pele curtida pelo sol, por cidade de colonização alemã no extremo Sul. Desta vez, Léo trouxe a mulher junto. Garante que a família curte a vida em Lajeado. Ele ainda procura informações sobre o estilo gaúcho de jogar. Diz ter ouvido sobre um futebol forte e de marcação intensa. Mas garante: a bola daqui é redonda como a do Amapá. Mesmo que sejam dois Brasis bem distintos.
Lajeadense
Posição em 2012: 9º
Técnico: Flávio Campos
Quem chegou: Eduardo Martini (G, Novo Hamburgo), Fábio (G, Brusque/SC), Márcio Gabriel (LD, CRB/AL), Mineiro (LE, Inter), Márcio Goiano (LE, Iraty/PR), Ramon (V, Bahia de Feira/BA), Reinaldo (V, Bragantino/SP), Renan (M, Al Shamal/Cat), Maico Gaúcho (M, São José/SP), Léo Franco (M, Santos/AP), Maycon Bamberg (A, Dibba Al Fujairah/EAU), Rafael Aidar (A, Noroeste/SP), Josimar (A, Verdy/JP).
Time-base: Eduardo Martini; Márcio Gabriel, Mineiro, Gabriel e Márcio Goiano; Reinaldo, Rudiero, Tales e Renan Oliveira; Josimar e Maycon Bamberg.