Começo ruim
Luciano Périco: a cultura do imediatismo pode atrapalhar o trabalho de Ramírez no Inter
Resultado negativo na Libertadores aumentou o tom das críticas da torcida ao treinador colorado
A derrota para o Always Ready-BOL em La Paz teve uma repercussão muita negativa em grande parte da torcida do Inter. As redes sociais e os canais de interatividade dos veículos de comunicação foram entupidos de mensagens da galera. As principais críticas recaíram sobre Miguel Ángel Ramírez. Fiquei com a impressão de que há um exagero nas cobranças.
Claro que foi muito ruim iniciar a Libertadores com um resultado negativo contra um adversário fraco. Mesmo com o desconto dado pelas dificuldades impostas pela altitude, o treinador tem a sua parcela de culpa pela atuação fraca da equipe colorada. Afirmar na entrevista coletiva que foi surpreendido pelo time boliviano é uma explicação pouco convincente. O Always Ready-BOL não fez nada tão extraordinário em termos de atuação. Entrou com três zagueiros, povoou o meio-campo e deixou dois homens mais à frente.
A marcação boliviana encurralou o Inter, que teve mais posse de bola em uma zona morta do campo. Ter sacado os dois extremas no intervalo, Caio Vidal e Palacios, para colocar Lucas Ribeiro como terceiro zagueiro não surtiu efeito. Depois, Ramírez foi obrigado a mudar a estrutura para tirar o defensor por lesão, colocando Nonato. O time ficou mexido e não se encontrou mais na partida. Acabou trazendo da Bolívia um 2 a 0 na bagagem.
Por mais que queira implantar um esquema de jogo, não há explicação para abrir mão de Patrick, que foi o principal destaque colorado no Brasileirão. Por que não colocá-lo no lugar de Moisés na esquerda? A manutenção de Zé Gabriel pela saída de bola não se justifica. Yuri Alberto precisa ser um dos homens da frente.
Óbvio que não é hora de ser definitivo com o trabalho de Ramírez, que está apenas começando. Pelo jeito, ainda será preciso testar outras peças. O espanhol é uma convicção da gestão de Alessandro Barcellos. Todos sabemos que futebol tem pressão. É cultural. No Brasil, se exige resultados imediatos, só que ainda é hora da paciência. O trabalho começou do zero. Terra arrasada não cabe nesse momento.