Olimpíada
Diário em Londres: Direto do olho
Milhares de turistas visitam todos os dias a London Eye, a imensa roda gigante de 135m de altura e que fica à beira do Rio Tâmisa. São 32 casulos com ar condicionado e
que recebem até 15 pessoas. A entrada nas cabines ocorre com a roda em andamento. O preço é salgado para o bolso brasileiro. Um passeio de 30 minutos custa, no mínimo, 18,90 libras, o equivalente a cerca de R$ 56. Para quem quer pagar mais, tem ingresso
Vip com direito a garçom e espumante. Mas a vista compensa!
Lei de Bolt
Nas colinas próximas à capital jamaicana, Kingston, mora a família Bolt. O rei da Olimpíada de Londres, Usain, vive com os irmãos em harmonia e mantém a irreverência. Sem excentricidades, só existe uma lei na casa, algo que é inegociável e ordem do homem mais veloz do mundo: "É proibido acordar cedo".
No trem
Jaqueline e Fernandinha, da seleção brasileira de vôlei aproveitaram a rara folga no início da tarde de ontem para passear fora da Vila Olímpica. No trem, entre uma estação e outra, contaram rapidamente como está o espírito do grupo que vai disputar
o ouro contra os Estados Unidos.
Pergunta - O jogo contra a Rússia mudou a Olimpíada, não?
Jaque - Ihhhh, mudou tudo. É outra coisa agora.
Fernandinha - E o importante é que nós mudamos isso. Conseguimos fazer o que sabíamos que dava para ser feito.
Jaque - É, o pessoal já estava desconfiado, mas nós sempre acreditamos. Foi o jogo da Olimpíada, sim. Contra o Japão, já se viu que contra as russas não foi a exceção. Esta
tem que ser a regra. E vai ser.
Bom exemplo
A frase é do ex-campeão e hoje todo-poderoso dos Jogos de Londres, Sebastian Coe:
- Temos uma única oportunidade de integrar a participação esportiva à comunidade, partindo da base e chegando à elite, saindo das escolas e alcançando o pódio.
O vôlei britânico desenvolve grande projeto para incrementar o esporte entre estudantes de ensino fundamental. Em três anos, mais de 50 mil deles se tornaram jogadores federados. No Brasil, o técnico Rúben Magnano disse que uma das soluções para o basquete é que volte a ser praticado "em colégios, praças, clubes, paróquias, onde for
possível". Fica a lição.
Joias
Tradicional nas Olimpíadas, o mercado dos "pins" está a mil perto do final dos Jogos de Londres. Em frente à entrada do Parque Olímpico, se colocam colecionadores de variados países. Garantem que os pins são apenas trocados. O grego John Ionadis, no entanto, derrapa ao contar que tem exemplar que vale 1 mil euros (R$ 2,48 mil) na
coleção de 10 mil peças iniciada em 2004.
Medalha de ouro
Touro Moreno - Uma figuraça. O ex-lutador, embora ao 75 anos ainda lute, é pai, incentivador e espécie de treinador permanente dos boxeadores e filhos Esquiva e Yamaguchi Falcão, aos quais ensinou a lutar dando socos nas bananeiras do quintal. O
capixaba vai ter em casa dois medalhistas que já fizeram do boxe a grande notícia brasileira da Olimpíada.
Medalha de lata
João Havelange e Ricardo Teixeira - Mesmo longe, os dois ex-dirigentes e suas maracutaias no caso Fifa/ISL entraram na pauta, constrangendo organizadores do Jogos de 2016. Na apresentação oficial dos projetos, as perguntas eram sobre a mudança de nome do futuro estádio olímpico e de como eram explicadas no Brasil as denúncias.
Lutadores
O Brasil está bem caracterizado como país de lutadores. O boxe é uma sensação, com três medalhas conquistadas. Antes disso, no judô, tivemos o melhor desempenho da história com quatro medalhas (uma de ouro, uma de prata e duas de bronze). No taekwondo, fomos até a decisão do bronze com Diogo Silva e ainda tem a esperança
com Natalia Falavigna no sábado.
Só não aparecemos na própria "luta olímpica". Mas aí, é bom lembrar que, fora dos esportes olímpicos, os brasileiros arrebentam no UFC. Temos o Pelé das lutas, Anderson Silva.
Bolinha
É sabido que o número de homens cobrindo a Olimpíada é maior do que o de mulheres. Mas nada que se compare ao visto ontem no Complexo Excel. Havia 204 jornalistas. Apenas três eram mulheres. Uma das explicações é de que as modalidades lá disputadas (boxe, luta e levantamento de peso) não são as mais afeitas ao sexo feminino, ao menos na imprensa.