Jogos Olímpicos
Em busca do ouro perdido no futebol
Seleção masculina busca neste sábado, às 11h, o título inédito
Mesmo sendo considerado o país do futebol, por duas vezes, o Brasil deixou escapar a medalha de ouro na modalidade em Jogos Olímpicos. A prata teve o gosto amargo em Los Angeles/1984 e Seul/1988. Foi a partir daí que a busca pelo lugar mais alto do pódio do torneio de futebol em uma Olimpíada passou a ser obsessão para a Seleção Brasileira, que ainda era tricampeã mundial na época.
Desde então, conquistamos mais duas Copas do Mundo, em 1994 e 2002, e nada do ouro vir _ chegamos a duas semifinais, e acabamos levando o bronze em duas edições, Atlanta/1996 e Pequim/2008, fora outras desclassificações. Neste sábado, mais do que nunca na história dos Jogos, o Brasil luta pela medalha dourada.
Mas além do futebol masculino, outros dois esportes podem trazer mais ouros para o país. No vôlei, as seleções feminina, no sábado, e masculina, no domingo, fazem a final. No boxe, Esquiva Falcão briga pelo também inédito primeiro lugar para o pugilismo brasileiro.
As chances
O ouro perdido em Los Angeles/1984 e em Seul/1988 passa pelo Internacional. Assim como o primeiro lugar em Londres, este ano, também passa. A Seleção Brasileira que joga neste sábado, às 11h, a final do torneio olímpico de futebol, contra o México, tem um jogador e quatro ex-colorado entre os 18 nomes escolhidos por Mano Menezes.
Como naquelas duas edições dos Jogos, o Brasil chegou a final, mas dessa vez, mais favorito do que nunca. Afinal, o grupo levado para a Grã-Bretanha é a base do time que deve disputar a Copa do Mundo de 2014.
E, pelo menos, um desses alvirrubros têm sido decisivo na atual campanha. Nos cinco jogos até agora, Leandro Damião esteve em quatro e marcou gols em todos eles. No total, seis.
Mas a seleção olímpica não é só o camisa 9. No time titular, os ex-Inter Juan, Sandro e, principalmente, Oscar, negociado no começo dos Jogos, têm dado boa contribuição. A performance brasileira tem tido oscilações, mas ganhou todos os jogos marcando três gols em cada partida. O problema é que a defesa tem preocupado. Tomou cinco gols ao todo.
Mas é bom lembrar que do outro lado também existe um adversário que nunca ganhou o ouro olímpico e que se preparou para isso. Mano não poupou elogios ao adversário:
- Desde o início dizíamos que era o México a seleção que estava mais bem preparada para os Jogos, com jogadores que disputaram a Copa América ano passado.
Prata não vale
No Brasil, ser segundo colocado é ser último. Pelo menos no futebol. Assim, as duas vezes que o país chegou a final do torneio olímpico da modalidade e não conquistou o ouro, o gosto da prata foi amargo. A decepção foi grande.
Integrante do grupo que conquistou a primeira medalha para o futebol brasileiro, a prata de Los Angeles, o goleiro Gilmar Rinaldi, ex-Inter e hoje empresário de jogadores, lembra:
- Naquela Olimpíada foi diferente. Chegamos como surpresa, com o time montado à pressas.
Isso aconteceu porque o Comitê Olímpico Internacional passou a aceitar jogadores profissionais, desde que não tivessem disputado Copas do Mundo. Então, a CBF chamou o então técnico do Corinthians, Jair Picerni, e pediu 11 jogadores à direção colorada.
Kita, ex-centroavante do Inter, reserva naquele Jogos e hoje aposentado, tenta explicar o porque da derrota para a França na final:
- Éramos um time disputando a Olimpíada. Na final, jogamos contra uma seleção, que teve vários jogadores na Copa dois anos depois (México, em 1986) e que também derrubou o Brasil na Copa.
O hoje técnico do Esportivo, Luiz Carlos Winck, esteve nas duas edições em que o Brasil levou a prata, em Los Angeles e em Seul, em 1988. Na primeira, ele acredita, a CBF não dava tanta importância para uma medalha em Olimpíada, mas...
- Em 1988, foi diferente. Mandamos a base da Seleção principal. O grande problema foi que, quando ganhamos na Alemanha na semifinal, achamos que tínhamos ganho o ouro. Subestimamos a União Soviética, que não tinha tradição no futebol.
A voz da experiência
- O que os jogadores precisam entender é que não terminou ainda, que do outro lado tem um time que também se preparou. Mas acho que dá Brasil.
Gilmar Rinaldi, ex-goleiro
- Se o Brasil não ganhar com esse monte de craques, não ganha nunca mais. Vai ser difícil? Vai. Mas temos todas as condições de ganhar.
Kita, ex-centroavante
- Este ano, o Brasil tem condições de ganhar, mas tem que oscilar menos em campo.
Luiz Carlos Winck, ex-lateral-direito
Londres, 2012
Time base: Gabriel (Milan/Ita); Rafael (Manchester Uniter/Ing), Thiago Silva (PSG/Par), Juan (Internazionale/Ita) e Marcelo (Real Madrid/Esp); Rômulo (Spartk/Rus), Santos (Tottenham/Ing) e Oscar (Chelsea/Ing); Hulk (Porto/Por), Leandro Damião (Inter) e Neymar (Santos). Técnico Mano Menezes.
Estão no grupo: Neto (Fiorentina), Bruno Uvini (São Paulo), Alex Sandro (Porto), Danilo (Porto), Ganso (Santos) e Alexandre Pato (Milan/Ita).
A campanha
Primeira fase: 3x2 Egito, 3x1 Bielorrússia e 3x0 Nova Zelândia
Quartas de final: 3x2 Honduras
Semifinal: 3x0 Coreia do Sul
Los Angeles, 1984
Time base: Gilmar Rinaldi (Inter); Ronaldo (Corinthians), Pinga (Inter), Mauro Galvão (Inter) e André Luiz (Inter); Ademir (Inter), Dunga (Inter), Gilmar (Flamengo) e Tonho (Aimoré); Chicão (Ponte Preta) e Silvinho (Inter). Técnico: Jair Picerni.
Estavam no grupo: Luis Henrique (Ponte Preta), Luiz Carlos Winck (Inter), Davi (Santos), Milton Cruz (Inter), Paulo Santos (Inter) e Kita (Inter)
A campanha
Primeira fase: 3x1 Arábia Saudita, 1x0 Alemanha Ocidental e 2x0 Marrocos
Quartas de final: 1x1 Canadá (4x2 nos pênaltis)
Semifinal: 2x1 Itália (tempo normal: 1x1)
Final: 0x2 França
Seul, 1988
Time base: Taffarel (Inter); Luiz Carlos Winck (Inter), André Cruz (Ponte Preta), Aloísio (Inter) e Jorginho (Flamengo); Andrade (Flamengo), Milton (Coritiba) e Neto (Guarani); Careca (Cruzeiro), Bebeto (Flamengo) e Romário (Vasco). Técnico: Carlos Alberto Silva.
Estavam no grupo: Zé Carlos (Flamengo), Mazinho (Vasco), Batista (Atlético-MG), Ademir (Cruzeiro), Geovani (Vasco), Edmar (Corinthians) e João Paulo (Guarani).
A campanha
Primeira fase: 4x0 Nigéria, 3x0 Austrália e 2x1 Iugoslávia
Quartas de final: 1x0 Argentina
Semifinal: 1x1 Alemanha Ocidental (4 a 3 nos pênaltis)
Final: 1x2 União Soviética