Gauchão



Opinião

David Coimbra: Valdívia para Douglas, uma diferença de meio século

Colunista escreve de segunda a sábado em ZH

03/05/2015 - 19h41min

Atualizada em: 03/05/2015 - 19h41min


David Coimbra
David Coimbra
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Marcelo Oliveira / Agencia RBS

Pelo menos meio século separava o Inter do Grêmio, no Beira-Rio. Cinquenta anos de futebol representados por dois jogadores: no Grêmio, Douglas; no Inter, Valdívia.

Douglas jogava nos anos 60; Valdívia, no século 21. Douglas era a TV em preto & branco; Valdívia, o IPad. Douglas era o telex; Valdívia, o celular com internet. Douglas era o cigarro na sala de espera do hospital; Valdívia, os produtos orgânicos. Douglas é Ademir da Guia; Valdívia é Valdívia.

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Com Douglas, o Grêmio jogou pastoso, trocando bola no restrito espaço de 16,5 metros em que se estica a risca maior da grande área. Toque para cá, toque para lá, erro, e o Inter saía em velocidade estonteante com três jogadores: Nilmar, Sasha e, claro, Valdívia. Foi essa a história do clássico.

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SASHA É SASHA. LUAN É DOUGLAS

Quem contou foi o repórter Júlio César Santos. Num dos treinos da semana, Luan fez uma jogada de efeito, e Luiz Felipe alertou:

- Você está querendo ser Pelé, e você não é o Pelé. É o Luan.

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Luan não acreditou no treinador. Entrou em campo jurando ser Pelé. Só que Pelé, antes de receber a bola, já sabia o que fazer com ela. Luan, não. Luan precisa de elaborada reflexão. E, enquanto ele pensa, o adversário dá o bote na bola, retoma-a e vai embora com ela. Luan fica parado, olhando. Ao lado de Douglas.

A nêmesis de Luan é Sasha. Sasha não acha que é Pelé. Sabe que é Sasha. Aos 20 minutos de clássico já havia roubado quatro bolas, feito falta e deixado bem claro que Marcelo Oliveira não conseguiria fazer seu jogo pelo lado esquerdo. Muitas vezes, Sasha foi um segundo lateral-direito, sempre interessado, sempre concentrado, sempre ativo, nunca desistindo da bola. Como tem de ser numa decisão.


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O BRANDO E OS VOADORES

O Inter ganhou o jogo no contra-ataque, em lances que se repetiram por uma dúzia de vezes no primeiro tempo: o jogador do Grêmio girava o corpo e tentava passar para quem vinha de trás. Os do Inter, mais atentos, retomavam a bola e voavam rumo ao gol de Marcelo Grohe. Foi assim nos dois gols, com erros bisonhos de Matías Rodriguez e Fellipe Bastos.

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Claro que o caso de Fellipe Bastos foi especial. Ele estava ainda lamentando o fato de ter acertado no travessão aquela falta no primeiro tempo, quando a bola surgiu-lhe diante dos pés. Fellipe Bastos estava desconcentrado, que é o que de pior pode acontecer numa partida de futebol. O que fazer com ela? Quando um jogador tem essa dúvida, o melhor a fazer é simplificar, dar o chutão, jogar para a lateral, tudo, menos ser brando. Fellipe Bastos foi brando. Decisões não são para brandos.


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