O povo da Copa
Irmãos vão acompanhar Alemanha x Argélia a 10km de distância do Beira-Rio, em linha reta
Moradores de Eldorado do Sul chegam a escutar a propagação o som do estádio em casa
Nesta segunda-feira, quando iniciar a última partida da Copa do Mundo no Beira-Rio, o empresário Wanderley Amado, 52 anos, e o irmão Mauro Amado, 49 anos, acompanharão Alemanha e Argélia. Mas, diferente dos torcedores que estarão dentro do estádio, os dois subirão 40 degraus de uma escada caracol e se sentarão no terceiro andar da casa da família. Será dali que o jogo ocorrerá para eles.
Moradores do Bairro Sans Souci, em Eldorado do Sul, os irmãos moram exatamente em frente ao estádio, mas a 10km de distância em linha reta pelo Guaíba. É esta geografia que eles garantem favorecer o acompanhamento da partida de casa.
- Se o tempo estiver sem muito som ao redor, ouviremos tudo. Até gol, se tiver. Tem dias que os shows da Fan Fest são ouvidos como se acontecessem dentro de casa - garante Wanderley, em constatação que é comum entre os moradores do bairro.
Pontinho no meio da Capital
Durante o dia, o estádio visto de Eldorado do Sul é apenas um ponto branco entre construções e morros na Capital. À noite, torna-se um caldeirão quando está iluminado. É assim que os irmãos definem a obra. A luz projetada de dentro do estádio forma uma espécie de névoa que se destaca entre todos os outros prédios iluminados.
- Fica lindo demais. Na reinauguração, vimos todos os fogos do terceiro andar. Foi emocionante, pois se ouvia tudo o que era dito lá dentro - recorda Wanderley.
Colorado assim como toda a família, o empresário foi jogador de futsal até os 25 anos, na cidade de Chapada. Chegou a ser convidado para um teste no Inter, mas acabou não aceitando por insistência do avô. A família imaginava que ele continuaria vivendo no interior do Estado.
- Naquela época, jamais imaginava que um dia moraria tão próximo ao Beira-Rio.
Na verdade, Wanderley tem outra casa no Bairro Sans Souci - mais distante do Guaíba. Mas a paixão pelo Inter e a vista o fizeram trocar de moradia com outro vizinho.
- Se eu posso ter o Beira-Rio dentro de casa, por que eu moraria me outro lugar? - questiona, rindo.
É verdade
E para quem duvida da possibilidade de ouvir os jogos do outro lado do Guaíba, o professor da Faculdade de Física da Pucrs Cássio Stein Moura garante que ela é mais comum do que se imagina. Ele reforça a mesma constatação dos irmãos Amado: tudo depende do clima.
- A melhor superfície para a propagação do som é entre o ar e a água. Por isso, o rio é um ótimo refletor do som. A umidade e a direção do vento influenciam diretamente na propagação do som. Ele se propaga mais antes da chuva, pois a umidade aumenta a densidade do ar e a velocidade de propagação do ar - explica.
Hoje, se o tempo estiver úmido ou ventando, cresce a chance dos Amado sentirem-se dentro da partida entre alemães e argelinos, mesmo que não tenham comprado ingresso.