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Entrevista

De Porto Alegre às águas do Havaí: surfista Tatiana Weston-Webb fala sobre sua relação com o Brasil

A jovem revelação do surfe mundial nasceu na capital gaúcha, mas foi criada na ilha de Kauai, no Havaí

04/11/2015 - 08h01min

Atualizada em: 04/11/2015 - 08h01min


Kirsten Scholtz / WSL

Se no circuito mundial de surfe masculino o Brasil está bem representado - com Filipe Toledo, Adriano de Souza e Gabriel Medina na briga pelo título -, no feminino uma "havaiana-gaúcha" desponta entre as melhores do mundo logo em seu primeiro ano na elite.

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Tatiana Weston-Webb, 19 anos, nasceu em Porto Alegre, mas foi criada na ilha de Kauai, no Havaí. A jovem revelação do surfe mundial é filha da bodyboarder gaúcha Tanira Guimarães e do surfista Doug Weston-Webb, inglês criado nos Estados Unidos. A estreante se mudou para o Havaí com apenas duas semanas de vida e, apesar de suas origens brasileiras, defende a bandeira havaiana - na Liga Mundial de Surfe (WSL), o Havaí é considerado um Estado à parte dos EUA.

Tatiana é acostumada desde cedo com os perigosos tubos havaianos. Ela começou a surfar aos oito anos, quando ganhou sua primeira prancha. Aos 13 anos, Tati já era campeã nacional nos EUA e, aos 16 anos, conquistou o tetracampeonato. Em 2015, a pequena notável de 1m65cm sabe que tem potencial para chegar longe.

- Amo surfar porque fui cercada de água durante minha infância e estava na praia todos os dias - disse a loira.

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Na penúltima etapa do Circuito Mundial, em Hossegor, na França, a surfista fez sua melhor participação no campeonato e foi vice-campeã em sua primeira final na elite. Com os resultados somados, a "havaiana-gaúcha" está em oitavo no ranking.

Após deixar a França, com o término da etapa em Landes, Tatiana Weston-Webb atendeu por e-mail a reportagem de ZH. Em inglês, a surfista disse como é sua relação com Porto Alegre, falou sobre suas expectativas no circuito profissional e se apresentou para a torcida brasileira.

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PERFIL

Nome completo:
Tatiana Guimaraes Weston-Webb
Idade: 19 anos
Data de nascimento: 9 de maio de 1996
Cidade de nascimento: Porto Alegre (BRA)
Cidade de residência: Princeville (HAV)
Altura: 1m65cm
Peso: 55kg
Um ídolo: Meus pais e Andy Irons
Um sonho: Ganhar um título mundial de surfe
Seu lugar favorito: Qualquer lugar com as pessoas próximas que amo. Mas um lugar de verdade, Kauai
Melhor onda: Tem muitas que eu poderia nomear, mas uma das minhas favoritas é Teahupoo

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Com quantos anos você saiu de Porto Alegre?
Com duas semanas de idade.

Gostaria de ter crescido no Brasil?
Não, não gostaria de ter crescido no Brasil. Eu não mudaria nada da forma que fui criada. Acredite em mim, eu amo tudo no Brasil. As pessoas, a cultura, a energia e, acima de tudo, toda paixão que os brasileiros têm. Mas eu acho que a ilha em que eu cresci me fez a mulher que sou hoje. Eu amo surfar porque fui cercada de água durante minha infância e estava na praia todos os dias. O que eu gostaria era de ter passado mais tempo no Brasil quando era pequena. Eu sinto que estaria muito mais confortável para falar português do que estou hoje.

O que motivou sua naturalização e por que você escolheu defender o Havaí no circuito mundial?
Eu acho que o fato de ter aprendido a surfar no Havaí motivou a minha escolha de representa-lo no Circuito Mundial. Foi lá que minha carreira se iniciou e eu não mudaria nada disso. Tenho orgulho de representar o Havaí e o "aloha" que acompanha o surfe quando os havaianos vão para água. De novo, não estou comparando com o Brasil, mas sinto que as ilhas havaianas me fizeram ser a surfista que eu sou hoje.

Você vem para o Brasil com frequência? Vem para Porto Alegre também?
Eu vou ao Brasil sempre que possível para ver minha família. Agora que estou namorando um brasileiro, que é surfista profissional (Jesse Mendes), isso me dá ainda mais motivação para continuar visitando o Brasil sempre que possível. Eu não tenho muito tempo livre em minhas mãos para viajar para onde quero, mas o Brasil está sempre no meu "top dois" de lugares para ir e ver as pessoas que amo, relaxar e aproveitar. Toda vez que eu viajo ao sul do Brasil, eu viajo a Porto Alegre e fico na cidade por alguns dias com a minha avó. Depois, nós viajamos de carro até Garopaba pra ver o resto da minha família.

Como é seu português? Consegue se comunicar bem?
Meu português é bom, mas não é ótimo. Eu fico frustrada de vez em quando porque eu normalmente entendo tudo que as pessoas me dizem, o único problema que eu tenho é conjugar os verbos no passado e no presente e conectar todas as minhas frase. Eu consigo manter uma conversa, mas com algumas falhas. Eu sei que, devagar, estou melhorando porque estou começando realmente a me envolver com o meu lado brasileiro. Eu amo isso!

Com quantos anos você começou a surfar?
Eu tinha oito anos quando comecei a surfar mais constantemente.

Quando você decidiu que seria uma surfista profissional?
Eu decidi quando ganhei meu terceiro ou quarto título nacional. Eu percebi que meu nome estava entre algumas das melhores surfistas do mundo e que poderia ser uma surfista profissional.

Em Hossegor, você chegou a sua primeira final no circuito. Como está sendo seu primeiro ano na elite?
Meu ano como estreante está além de incrível. Eu não achei que realmente surfaria tão bem no meu primeiro ano. Mas agora que completei alguns dos meus maiores objetivos, eu sei que meus sonhos são muito mais possíveis de atingir porque derrotei algumas das melhores. Eu sinto que somente posso melhorar daqui pra frente com muito trabalho pesado e dedicação.

Quais são os teus objetivos daqui pra frente?
Meus objetivos daqui pra frente são trabalhar duro e melhorar minhas habilidades no surfe o máximo que puder. Eu só quero ser uma das melhores surfistas do mundo.

O que você acha da nova geração de surfistas brasileiros, a "Brazilian Storm"?
A nova geração de surfistas brasileiros é o futuro do esporte. O que é um fato é que o crescimento dos surfistas brasileiros já está dominando o WQS (Divisão de Acesso) e o WCT (Circuito Mundial). Eles estão inspirando muita gente no nosso esporte a treinar tão forte quanto eles para alcançar o que queremos alcançar. É isso que todo esporte precisa.

O que o surfe representa na sua vida?
O surfe representa quase tudo na minha vida. Representa meus sonhos, meu trabalho duro, minha dedicação, minha paixão e minha vontade. Eu amo surfar porque o surfe me fez a pessoa grata e abençoada que sou hoje.

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*ZHESPORTES


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