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Superação

Ex-morador de rua se torna tricampeão gaúcho de boxe e quer o Brasileiro

Mesmo com dificuldades para treinar boxe, Thaynô Ferreira, 20 anos, de Esteio, se prepara para novos desafios e precisa de patrocínio

18/10/2016 - 09h36min

Atualizada em: 18/10/2016 - 09h37min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Thaynô quer chegar à Seleção Brasileira de Boxe

As goteiras sobre o ringue, a falta de energia elétrica do ginásio de treinamento, o técnico doente e até o sumiço de equipamentos de treino têm desafiado diariamente o atual tricampeão gaúcho de boxe, Thaynô Ferreira, 20 anos, de Esteio. O atleta prepara-se para a Copa Sul-Sudeste, no final deste mês, que poderá leválo ao Brasileiro de Boxe, na Bahia, em novembro.

Evitando ver dificuldades nos problemas, Thaynô prefere encará-los como adversários a serem vencidos. Na manhã de 17 de outubro, por exemplo, quando o jovem abriu a porta do ginásio municipal Sílvio Batista, onde treina com outros atletas do projeto social da prefeitura Programa Integrado de Inclusão Social (PIIS), percebeu a falta dos três sacos de pancadas novos. No lugar deles, restaram o escuro do prédio, que teve os fios furtados há dez dias, e as goteiras, que se espalhavam pelo piso do ringue.

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– Como qualquer brasileiro, a gente está sempre lutando por algum sonho. Nada é fácil. É tudo com suor. Um passo de cada vez. Um soco de cada vez – resignou-se, antes de colocar as luvas para mais um treino.

Sobre o furto dos cabos, a secretária de Educação de Esteio, Carla Escosteguy, sabe do ocorrido e informou que um eletricista da prefeitura já foi verificar. Ele reinstalará os cabos, assim que parar a chuva. Quanto aos sacos roubados, a secretária disse que não havia sido informada e que verificará o problema.

Thaynô teve a história de vida publicada no Diário Gaúcho em outubro do ano passado. Órfão de pai, morou nas ruas de Porto Alegre na infância para depois viver por cinco anos no Abrigo Municipal de Esteio. Lá, descobriu o boxe no projeto social e fez do esporte o caminho para nocautear um futuro sem rumo.

– Se não fosse o boxe, não sei onde eu estaria. Com certeza, o boxe me salvou – acredita.

São seis horas diárias de treino, seis dias por semana

Com 28 vitórias em 32 lutas na carreira, Thaynô é o melhor no Estado na categoria 75kg. Ele quer vencer a Copa Sul-Sudeste, competição na qual foi terceiro lugar no ano passado na categoria 69kg, pois acredita que a vitória, entre mais de 90 atletas, lhe dará força psicológica suficiente para enfrentar lutas mais árduas no Brasileiro.

– Em 2015, quando eu contava dez lutas no currículo, competi com atletas que tinham dez anos de boxe e que treinavam na Itália. A diferença entre os competidores é gigante – salienta.

Nem mesmo a ausência do técnico Abílio Mendes, 36 anos, considerado por Thaynô como um pai e que está afastado do projeto por problemas de saúde, faz o jovem desistir dos sonhos.

– Apesar das dificuldades, estou mais preparado física e emocionalmente do que no ano passado. Pretendo voltar campeão deste Brasileiro. E, se Deus quiser, ir para a Seleção e chegar à Olimpíada. Este é o meu objetivo de vida – afirma, confiante.

Sem família próxima, Thaynô mora sozinho num apartamento conquistado por meio do Minha Casa Minha Vida. Para sobreviver, o jovem dá aulas de boxe duas vezes por semana.

– Toda a dificuldade que passei, acho que formou o caráter que tenho hoje. Tenho orgulho de quem eu sou – conclui.

Thaynô e Rodrigo estão treinando no escuro

Jovens precisam de patrocínio
Na ânsia de se tornar profissional no boxe, Thaynô abandonou o emprego como telemarketing e treina seis horas por dia. Três delas são numa academia da cidade, que cedeu o espaço gratuitamente para ele praticar musculação e exercícios funcionais. Sem dinheiro para o transporte, corre 12km por dia até o ginásio – onde treina pelo projeto.

– O apoio financeiro é pouco. Para comprarmos uma nova balança, cinturões e um saco de pancada novo, por exemplo, fizemos galetos e vendemos os ingressos na própria comunidade. Todo mundo ajudou – recorda.

Rodrigo também quer vencer
Assim como Thaynô, o instalador de ar-condicionado Rodrigo Alexandre Barco Alves, 22 anos, no projeto há oito anos, quer ir à Copa Sul-Sudeste para vencer. Uruguaio naturalizado brasileiro neste ano, Rodrigo nunca pode disputar as finais das competições por ter nascido em outro país.

– Por três anos, cheguei à final do campeonato gaúcho na categoria 60kg e tive que desistir. Mas não desanimei. Desta vez, venci e ganhei a chance de ir à Sul-Sudeste. Quero voltar com o título e ir ao Brasileiro – garante.

Se Thaynô e Rodrigo ficarem entre os três melhores da Copa nas categorias que disputarão, eles terão direito a irem à principal competição do país. Mas precisarão de ajuda financeira com as passagens até a Bahia.

– É um degrau de cada vez. A concentração agora é para ir a Osório e voltarmos campeões – finaliza Rodrigo.

PARA AJUDAR
Interessados em ajudar podem ligar para os fones 9325-7910 e 9140-4250 (contatos com Giovana e Abílio)



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