Nascida há 20 anos em Estrela, no Vale do Taquari, a estudante de nutrição Raquel Firnkes tatuou, no inverno passado, uma flor de lótus no lado direito do peito - a plantinha lilás e cor-de-rosa, com detalhes em amarelo, celebra a elevação espiritual.

- Como adoro flores, queria mostrar a nova tatuagem neste verão - confidencia a jovem, veranista de Capão da Canoa.

Com ela, uma legião de homens e mulheres, de todas as idades, sarados ou com silhuetas generosas, exibem em seus corpos dragões que cospem fogo, serpentes assustadoras, beija-flores inofensivos, cerejas provocantes, mensagens em grego, ideogramas incompreensíveis.

Cultuada pelos egípcios há 4 mil anos antes de Cristo, as tatuagens, que ganham os corações e as mentes dos gaúchos, tornaram-se mania à beira-mar, e muitas delas só são vistas nesta época, de corpos descobertos.

- As tatuagens são muito pessoais e revelam personalidades. Eu já me interessei por caras por causa da tatuagem, e alguns já vieram falar comigo por causa delas - conta Raquel, que tem ainda uma borboleta azul, cor do seu time do coração, nas costas.

Pelas areias de Atlântida, os irmãos Thiago, 19 anos, e Bruna Somogyi Sebben, 20 anos, expõem em seus corpos mensagens de amor recíproco - Thiago leva no lado interno do pulso direito o nome de Bruna, e ela transformou o pequeno caule de uma minúscula cereja, desenhada na altura do ventre, em um "t" estilizado.

- As minhas tatuagens são sutis e marcam um determinado momento da minha vida - diz a moradora de Guaporé, que ostenta ainda dois corações no pescoço e uma estrela no pulso direito.

Para este verão, Thiago, além de duas tatuagens, pagou para que desenhassem em suas costas, em dezembro passado, a palavra "força", mas em grego.

- Todo mundo tem que ter força e determinação na vida. Estou percebendo isso ao morar em Porto Alegre, longe dos meus pais - diz Thiago, estudante de publicidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

A fotógrafa Aline Zanella, 24 anos, colocou no ombro esquerdo uma borboleta com tribal.

- A borboleta representa alegria - justifica.

Para os amantes dos desenhos selvagens, são necessários três verões para que as tatuagens estejam prontas. Gerente de eventos, Mateus Boeira, 28 anos, de São Lourenço do Sul, investiu cerca de R$ 2,5 mil para que um dragão chinês no meio das nuvens fosse desenhado em setembro de 2010. As escamas foram colocadas no ano passado e, no próximo inverno, o desenho será colorido.

- Se tudo der certo, no ano que vem ele estará concluído - estima o rapaz, que tem ideogramas e índios americanos tatuados pelo corpo.

Ao lado de Boeira, a modelo Carolina Gonçalves, 21 anos, com uma borboleta azul no abdômen, aprova a iniciativa do namorado:

- Eu adoro.