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Sem luz

Salão de beleza improvisa atendimento em calçada no centro da Capital

Para retomar funcionamento e amenizar prejuízos, fios de luz foram puxados da lanchonete vizinha

12/12/2012 - 15h43min

Atualizada em: 12/12/2012 - 15h43min


Bruna Scirea
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Clientes forma atendidas sob a marquise do salão de beleza

Qualquer desavisado que passasse pela movimentada Rua Coronel Genuíno, no centro da Capital, acreditaria estar presenciando uma nova tendência dos modernos salões de beleza. É que descabeladas e com pedaços de papel alumínio ainda na cabeça, mulheres se amontoavam entre cabeleireiros e manicures sob o toldo do estabelecimento.

Dentro do instituto, era só penumbra. Na manhã desta quarta-feira, esmaltes e tinturas foram colorir a calçada e antes que qualquer transeunte chamasse aquilo de loucura, Ladir Boni, proprietária do salão, anunciava um disfarçado desespero.

- Não paguei a conta de luz! - explicava com humor.

Somente em tom de brincadeira a empresária achava ser possível lidar com a situação de ter o estabelecimento fechado durante toda a terça-feira e, mais de 30 horas após o temporal que provocou estragos em todo o Estado, ainda permanecer sem energia elétrica na quarta.

E talvez fazendo graça sobre o incalculável transtorno fosse mais fácil encarar uma incerteza: não havia sequer previsão de restabelecimento do serviço de luz.

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Como a demarcação de um caminho de prejuízos, fios puxados de uma lanchonete se espalhavam pela rua. Em uma situação de emergência jamais vista naquela quadra, Oclécio Rodrigues virou um solidário vizinho. No final do mês, na sua conta, também estarão os custos com a iluminação do lavatório do salão de beleza, de um lado, e de uma garagem do outro.

A boa vontade de Rodrigues só foi desafiada pela quantidade de conhecidos sem energia elétrica. No condomínio próximo à esquina com a Borges de Medeiros, 117 apartamentos não tinham luz. E nem água.

Por isso, o zelador Edson Meireles mal tinha tempo para cumprimentar quem atravessasse a portaria de forma romântica: um desfile à luz de velas. Em menos de dez minutos, mais de quatro condôminos haviam ligado para saber se tudo já estava normalizado. A resposta do funcionário era quase mecânica:

- Ainda não. Continua tudo na mesma - repetia Meireles.

Por sorte, no banheiro situado no térreo ainda havia água. E por cada uma daquelas gotas, valia a pena enfrentar a pequena fila de moradores que queriam, se não fosse exigir demais, apenas escovar os dentes.

No condomínio que trocou o trivial bom dia por boa noite em plena luz do sol, nem mesmo a placa "Sorria, você está sendo filmado" fazia sentido. A situação não combinava com alegria. E mesmo que tímidos sorrisos existissem, não poderiam ser filmados.

Previsão de retorno de uma rotina normal, não havia. A certeza era apenas uma indignada constatação traduzida em forma de lamento pela moradora Jana Rolim:

- Anota aí, no final do mês a conta de luz não vai atrasar nem um dia sequer.


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